Em meio a uma disputa interna na base do governo para escolher a presidência da Comissão Mista Orçamentária (CMO), a deputada Flávia Arruda (PL-DF) declarou que a única candidatura oficial da base governista é a dela. Em entrevista ao CB.Poder — uma realização do Correio Braziliense e da TV Brasília —, nesta quarta-feira (28/10), ela afirmou que é a candidata indicada pelo bloco, que é o maior da Câmara, e se sente lisonjeada pela indicação. Revelou, no entanto, que tem sofrido discriminação por ser mulher. Se eleita, será a primeira parlamentar do sexo feminino a presidir a comissão.
"Eu faço uma indagação: se a candidatura oficial — e é importante deixar claro que a candidatura do maior bloco do Congresso é quem indica o presidente da CMO –, fosse um homem, será que teria tanto problema assim? Será que teria tanta dificuldade? Será que não é por ser uma mulher? E aí não é fazendo vitimização, muito pelo contrário. Eu fui escolhida por um bloco de maioria de líderes preparadíssimos que estão no Congresso há tempos e não indicariam alguém que irresponsável", disparou.
A deputada afirmou que é qualificada pelo cargo e criticou (sem citar nomes) quem faz comentários sobre o fato de ser mulher. "É impressionante como sempre que uma mulher precisa buscar seu espaço, a gente tem resistência. Às vezes velada e às vezes dita de forma tão grosseira. Quando é mulher, normalmente os críticos dizem que foi porque é mulher de alguém, esposa de alguém. Mulher não é manipulada. Eu tenho mandato e fui eleita como todos os homens foram", disse.
Flávia acredita que sua indicação representa todas as mulheres, independente de questões ideológicas e afirmou que, em geral, tem sido apoiada até por colegas de outras linhas de pensamento ideológico por estar "fazendo história não só no Distrito Federal — porque nunca houve alguém do DF nessa posição, mas, principalmente, por ter a oportunidade de uma mulher demonstrar que tem competência tanto ou melhor do que muitos homens que ali se encontram”, contou a deputada.
Calendário
Preocupado com o calendário de votações e as consequências da falta de tempo para a análise do orçamento de 2021, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu na terça-feira para que os deputados da base do governo parassem de obstruir o Plenário. Ele também disse que a PEC Emergencial deve ser votada antes do orçamento. Para Flávia Arruda, é possível discutir os dois ao mesmo tempo.
"A PEC emergencial realmente é importante, porque vai tratar dos gastos públicos, do investimento, mas ela vem em paralelo ao orçamento. São coisas que têm que caminhar juntas. Desde que o parlamento foi pensado, idealizado na Grécia antiga, a coisa mais fundamental é o orçamento público. Então não tem como a gente ficar nessa discussão de 'ah, não quer instalar' ou 'se não for o meu, não vai'. É o tipo de discussão que nem deveria ocorrer. Tem que ter responsabilidade e saber que o orçamento é peça fundamental do parlamento. Então a PEC é importante, mas o orçamento é ainda mais", disse.
Mesmo com a demora para votar o orçamento, a deputada acredita que ainda há tempo e poderá ser feito se houver boa vontade dos presidentes. "Nós do parlamento, a maioria absoluta, temos consciência e queremos que essa discussão ocorra o mais rápido possível. É importante dizer que tem que ser votado este ano uma coisa que nunca deixou de ser votada, que é a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Porque sem votar a LDO — que normalmente se vota em agosto —, não podemos nem virar o ano sem tratar de orçamento", completou.
*Estagiários sob a supervisão de Andreia Castro
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