Ainda levará tempo para que o Conselho de Ética da Câmara aprecie o processo legislativo contra a deputada Flordelis (PSD-RJ) –– acusada de tramar, com os filhos adotivos, o assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo. Ontem, a Mesa Diretora decidiu a favor da representação por quebra de decoro da parlamentar. O próximo passo seria o julgamento no conselho, que só voltará a funcionar com a aprovação, em plenário, da Proposta de Resolução (PRC) 53/2020, que reativa o colegiado e outras comissões. A votação, porém, está atrelada à desobstrução da pauta, travada pela base do governo devido à disputa com o grupo do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), da presidência da Comissão Mista de Orçamento (CMO).
O PRC propõe a reabertura do colegiado e das comissões de Constituição, Cidadania e Justiça; de Finanças e Tributação; e de Fiscalização Financeira e Controle. Oficialmente, a expectativa de Maia seria levar a proposta a plenário na próxima terça-feira. Mas, para isso, será necessário pacificar os deputados. E se o Centrão obstrui a pauta na briga pela CMO, ainda há o fator oposição: os partidos da esquerda também travam as votações para forçar a votação da Medida Provisória 1.000/20, do auxílio emergencial, e aumentar o valor pago aos assistidos pelo benefício.
A disputa na CMO é causada pela recomposição dos blocos partidários, que ocorre graças à movimentação de legendas para a presidência da Câmara. A principal disputa é entre Maia e um dos cardeais do Centrão, deputado Arthur Lira (PP-AL). Os cargos da comissão foram acertados em fevereiro, quando DEM, PSDB e MDB compunham o bloco com PP, PL, PSD, Solidariedade e Avante. Nessa configuração, as três primeiras legendas conseguiram ocupar a presidência do colegiado.
Porém, o trio de partidos desembarcou do grupo e se aliou a Maia para fazer um substituto para a presidência. Os componentes do Centrão passaram a exigir mais espaço, e que a presidência do colegiado passe de Elmar Nascimento (DEM-BA) para Flávia Arruda (PL-DF).
O deputado Léo Motta (PSL-MG), autor da representação contra Flordelis, disse não ter expectativas quanto a prazo. “Não me gera expectativa de velocidade no trâmite, mas de cumprir o rito. Espero um trâmite em tempo, com desfecho de acordo com a vontade popular, segundo cada parlamentar”, afirmou.
Se Flordelis perder o mandato, pode ir para a prisão em regime fechado, já que está livre apenas por conta da imunidade parlamentar.
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