ELEIÇÕES NOS EUA

Impacto das eleições americanas no Brasil é pauta em live do Correio

Cientista político Rafael Favetti analisou o sistema eleitoral dos Estados Unidos, a contagem de votos até agora e os rumores de que, caso Biden vença, os ministros do Meio Ambiente e de Relações Exteriores do Brasil deixarão o cargo

Bruna Pauxis*
postado em 04/11/2020 21:47 / atualizado em 04/11/2020 21:51
 (crédito: Reprodução/Facebook)
(crédito: Reprodução/Facebook)

Em live do Correio Braziliense nesta quarta-feira (4/11), o advogado e cientista político Rafael Favetti falou sobre as possíveis consequências dos resultados das eleições americanas. A disputa para presidência é entre Joe Biden e Donald Trump, que busca reeleição. Favetti analisou o sistema eleitoral dos Estados Unidos, a contagem de votos até agora e os rumores de que, caso Biden vença, os ministros do Meio Ambiente e de Relações Exteriores do Brasil deixarão o cargo.

“Independentemente de Biden ou Trump, não tem sentido para (o presidente Jair) Bolsonaro trocar o ministro das Relações Exteriores”, afirmou o advogado. Para Rafael, se Biden vencer, Ernesto Araújo terá muito mais trabalho do que antes, quando o alinhamento era favorável. Sobre Ricardo Salles (Meio Ambiente), o advogado afirma que a situação é diferente: “O que pode acontecer, não por pressão externa, mas interna, é aproveitar o momento e fazer o que Bolsonaro queria desde o começo, que é rebaixar o Ministério do Meio Ambiente”.

Em relação ao sistema eleitoral americano, Rafael acredita estar desatualizado, e prevê mudanças ao longo das próximas eleições. O advogado comparou o processo ao do sistema nas eleições do Brasil e ressaltou: “Eu acho que o brasileiro tem pouco orgulho do sistema eleitoral, que é fantástico. É estudado pelo mundo inteiro”. Sobre Trump ter anunciado que recorrerá à recontagem dos votos, o cientista político disse que essa “deslegitimação” do processo eleitoral pode servir de modelo para o Brasil nas eleições de 2022. “Se funcionar lá tem um discurso prévio para quem perder aqui”, afirmou.

Polarização

No estado da Flórida, um dos mais influentes nos EUA, Trump obteve 51% dos votos. Os boatos eram de que muitos latinos votariam a favor de Biden, o que definiria os resultados. Para Favetti, esse raciocínio não faz sentido. “Os latinos que podem votar nos EUA são cubanos, porque ainda se tem aquela ideia de que cubano que pisa em solo americano recebe a cidadania. O cubano que sai de Cuba evidentemente é antissocialista”, afirma o advogado. “A campanha de Trump pegou muito nisso, que Biden transformará os EUA em um estado socialista”, completou.

Economia

Essa polarização ideológica reflete, também, de forma significativa, no mercado. Rafael acredita que um governo extremamente republicano, como o de Trump, tende a se fechar e esvaziar o comércio com outros países, diferentemente de um governo democrata. “ Os mercados acreditam que com a vitória de Biden, terá uma desinflação do dólar perante o mundo, porque terá mais comércio e consequentemente mais dólar transita”, explica Favetti.

Ainda sobre o cenário de uma possível vitória de Biden, o cientista político afirma que pode, sim, desmotivar um pouco a extrema direita no Brasil, mas acredita que o número de pessoas que “saíram do armário da extrema direita” é muito forte no mundo inteiro. “Nem o liberalismo explica mais a nossa nação. Em 2004 duas coisas mudaram o DNA da humanidade, a internet e o smartphone. Com isso, todas as questões que estamos falando talvez sejam velhas demais”, afirmou Favetti. “Em outras palavras, talvez a gente nem conheça ainda quem Bolsonaro enfrentará em 2022”, completou.

Estagiária sob supervisão de Andreia Castro

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