Violência contra a mulher

Caso Mari Ferrer divide opiniões

Carinne Souza* Natalia Bosco*
postado em 06/11/2020 01:11
 (crédito: twiter/rodrigoconstantino)
(crédito: twiter/rodrigoconstantino)

O caso de Mariana Ferrer tem movimentado as redes sociais nos últimos dias. Depois da divulgação de trechos da audiência e do tratamento que a jovem recebeu durante o processo, surgiram manifestações em todo o país, seja na internet, nas ruas e até na Justiça brasileira. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, saíram em defesa da vítima, que acusa o empresário André Aranha de estupro. Mas há quem peça por “mais razão e menos emoção” em processos como o de Mari Ferrer.

A apresentadora do canal CNN Gabriela Prioli, mestre em direito penal, usou seu perfil no Instagram para fazer uma análise técnica do caso e argumentou que precisaria ter acesso a todo processo para poder opinar sobre a decisão judicial. Os vídeos, rapidamente, geraram uma onda de críticas no Twitter. O escritor Rodrigo Constantino também falou sobre o assunto, alegando que se a própria filha chegasse em casa e dissesse ter sido estuprada, a questionaria sobre “as circunstâncias” em que o abuso teria ocorrido. Segundo ele, dependendo de como fosse, a colocaria de “castigo feio”. O vídeo circulou nas redes sociais e desencadeou uma série de críticas.

O fato fez com que a emissora de rádio Jovem Pan e, posteriormente, a Record demitissem Constantino. Ele voltou, então, a usar as redes sociais para comentar a decisão das emissoras e publicou uma nota de esclarecimento. Na publicação, afirmou que “não tinha mergulhado no caso específico da tal Ferrer” e que apenas usou a situação como gancho para um texto sobre “banalização do estupro geral”.

Mariana Ferrer afirma ter sido estuprada em 15 de dezembro de 2018, quando trabalhava em um evento na casa noturna Café de la Musique, em Florianópolis. A jovem sustenta ter tido um lapso de memória e acredita ter sido dopada. Em julho do ano passado, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) denunciou o empresário André Aranha por estupro de vulnerável.

Em maio de 2019, Mariana deletou suas fotos antigas do perfil no Instagram e passou a usar a rede para falar sobre o caso. A ideia era pressionar a Justiça e conseguir apoio e visibilidade sobre o caso. Por mais de uma vez, no julgamento, o advogado do réu, Gastão Cláudio da Rosa Filho, mostrou fotos de Mariana publicadas pela jovem antes do acontecimento. Em 8 de setembro deste ano, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina absolveu Aranha por falta de provas.
O descaso com a vítima e a absolvição do empresário motivaram uma série de protestos em capitais do país.

*Estagiárias sob a supervisão de Andreia Castro

 

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