O advogado Frederick Wassef, que atuou em processos da família do presidente Jair Bolsonaro, está sendo acusado de injúria racial contra uma funcionária de uma pizzaria localizada no Setor de Clubes Sul. De acordo com ocorrência, registrada na Polícia Civil do Distrito Federal, o caso ocorreu no domingo. A suposta vítima e duas testemunhas prestaram depoimento na 1ª Delegacia de Polícia da Asa Sul.
A PCDF solicitadas imagens das câmeras de segurança do shopping onde fica a pizzaria para auxiliar na apuração do caso, segundo o delegado-chefe da 1ª DP, Marcelo Portela. “As investigações são preliminares. Ainda não podemos afirmar nada. Esse caso foi registrado ontem (quarta-feira) à noite e, hoje (ontem), ouvimos a vítima e duas testemunhas, que comprovaram a versão dela”, disse.
De acordo com Portela, só com a coleta de todas as provas será possível dar mais detalhes sobre o episódio. O local onde ocorreu o fato fica isolado de outros estabelecimentos comerciais, mas tem uma cobertura ampla de câmeras de vigilância.
No boletim de ocorrência, a funcionária firmou que Wassef é conhecido por frequentar o estabelecimento e agir de forma “arrogante”. Ela contou que foi vítima de ofensas em outra ocasião e que, no domingo, o advogado a teria pegado pelo braço e a arrastado até o balcão. A agressão teria acontecido após ele se dirigir à funcionária para fazer uma reclamação. “Essa pizza não tá boa! Você comeu?”. A mulher teria respondido que não, e o defensor, segundo o relato, teria retrucado, em voz alta: “Você é uma macaca! Você come o que te derem!”.
Ao Correio, Wassef negou ter cometido qualquer ilegalidade e disse que vem sendo vítima de ataques nos últimos meses. O defensor frisou que a mulher que o acusa não é negra e disse que, na ocasião, não conversou nada fora da normalidade. “Eu fui acusado, de forma falsa, mentirosa, criminosa e fraudulenta, de ter dito a essa moça o seguinte: ‘Olha, eu não quero ser atendido por você, porque você é uma negra. Você é uma macaca, e não quero ser atendido’. Ela não é negra, ela não é negra. Preciso falar mais alguma coisa para comprovar a fraude, que é uma armação?”, ressaltou.
Wassef prosseguiu: “O fato ocorreu no domingo à noite. Não falei nada, passei no caixa, não agredi. Isso é uma mentira. Três dias depois, alguém arrumou e pagou o escritório de um advogado famoso e caríssimo aqui de Brasília. Ela foi orientada a mentir em uma delegacia, leva o fotógrafo, tira foto no balcão e manda para a Veja (a revista)”.
Wassef enfatizou que está sendo alvo de reiteradas acusações. “Trata-se de um crime chamado denunciação caluniosa, do qual eu sou vítima. Meu avô paterno, pai do meu pai, é mulato. Eu namorei uma negra, tenho amigos meus que são negros. Isso não existe. Isso vem numa esteira de uma série de armações e fraudes que eu venho sofrendo, ao longo dos últimos meses”, destacou. “Eu não posso antecipar, mas sei que quem está fazendo isso não é a moça. É uma outra pessoa, e eu vou falar para a polícia. Essa moça é uma novata, que está lá há um mês. Inúmeras pessoas fizeram uma armadilha, e eu vou mostrar uma a uma.” Ontem, ele registrou um Boletim de Ocorrência na 5ª Delegacia de Polícia da Asa Norte por denunciação caluniosa.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.