Forças Armadas

"Foi força de expressão", diz ministro da Defesa sobre "pólvora"

General ameniza afirmação de Bolsonaro, em discurso direcionado ao presidente eleito dos EUA, Joe Biden. Para o militar, fala do presidente não "afetou" as Forças Armadas

Sarah Teófilo
Renato Souza
postado em 13/11/2020 14:13 / atualizado em 13/11/2020 14:14
Azevedo ressaltou a intensa e histórica colaboração que as forças armadas brasileiras têm com as norte-americanas -
Azevedo ressaltou a intensa e histórica colaboração que as forças armadas brasileiras têm com as norte-americanas -

O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, disse nesta sexta-feira (13/11) que, para ele, a fala de Jair Bolsonaro sobre uso de "pólvora", numa suposta insinuação de que o Brasil poderia desafiar os Estados Unidos militarmente, foi “força de expressão”. Questionado por jornalistas, após um seminário sobre a defesa do país, se o discurso do presidente da República causou algum constrangimento na caserna, afirmou:

“Para mim, foi uma força de expressão aquilo ali. E ministro não vai comentar declaração de presidente. Estamos levando nossa vida normal; estamos seguindo dentro dos nossos planejamentos estratégicos, e nada afetou aqui as Forças Armadas”, garantiu.

Na última terça-feira (10), em evento no Palácio do Planalto, Bolsonaro se referiu ao presidente eleito dos EUA, Joe Biden, durante discurso, embora sem citá-lo diretamente. “Assistimos há pouco aí um grande candidato a chefia de Estado dizer que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, ele levanta barreiras comerciais contra o Brasil. E como é que podemos fazer frente a tudo isso? Apenas a diplomacia não dá, não é, Ernesto [Araújo, ministro das Relações Exteriores]? Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora. Senão, não funciona. Não precisa nem usar pólvora, mas tem que saber que tem”, disse.

A resposta foi a uma declaração Biden que, em um debate durante a campanha presidencial, afirmou que o Brasil sofreria sanções econômicas caso não houvesse uma ação para frear o desmatamento e as queimadas na Amazônia. O presidente eleito ainda prometeu US$ 20 bilhões ao país para a preservação da floresta.

Aos jornalistas, o ministro da Defesa ressaltou que “ministros e comandantes de forças não comentam declaração de presidente”. E ressaltou a relação amistosa entre os dois países.

“As relações militares com os Estados Unidos não são de agora, são de sempre. Sempre foram um parceiro estratégico muito importante para o Brasil. Nós combatemos lado a lado na Segunda Guerra Mundial; nós temos projetos estratégicos e programas com os Estados Unidos, assim como com outros países. Temos acordo de cooperação que perpassam os governos. Quer dizer: as forças armadas de ambos os países são organismos de Estado”, amenizou.

Ainda durante o seminário, o general afirmou que o Brasil é um país “pacífico”. Também no evento, o comandante do Exército, general Edson Pujol, ressaltou que a instituição é um órgão de Estado, e não de governo. "Não mudamos a cada quatro anos a maneira de pensar e em como cumprir as nossas missões ", afirmou.

Na última quinta-feira (12), em transmissão ao vivo promovida pelo Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE), Pujol disse que os militares não querem fazer parte da política. “Não queremos fazer parte da política governamental ou política do Congresso Nacional, e muito menos queremos que a política entre no nosso quartel, dentro dos nossos quartéis. O fato de, eventualmente, militares serem chamados a assumir cargos no governo, é decisão exclusiva da administração do Executivo”, destacou.

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