O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), afirmou que o Centrão, após o sucesso de seus candidatos nas eleições municipais, tornou-se "mais relevante" para o projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Sobre os rumores de que, por essa razão, o bloco partidário esteja pressionando por mais cargos e ministérios, o parlamentar negou que seja realidade, já que, segundo ele, a base de apoio ao governo já está devidamente articulada.
Barros, um dos expoentes do Centrão, afirmou que o resultado das urnas representou um aumento da capilaridade dos partidos do bloco e os fortaleceu politicamente. Nas votações de domingo, PP, PSD, PL, PTB e Republicanos elegeram 2.092 prefeitos. Por outro lado, a maioria dos candidatos apoiados por Bolsonaro foi derrotada nas urnas.
"Nós temos mais prefeitos, vereadores, e isso vai nos permitir ser mais relevantes na eleição presidencial. Embora na eleição municipal se discuta buraco na rua, médico no posto de saúde, e a eleição nacional discuta economia, o resultado eleitoral [nos municípios], em si, não afeta [a eleição presidencial], mas a estrutura política sim", disse o deputado, em entrevista ao Correio.
Filiação de Bolsonaro
Barros disse ainda ser favorável a que Bolsonaro se filie a um dos partidos do Centrão para concorrer em 2022. O presidente deixou o PSL no ano passado, após brigar com a cúpula da legenda.
"Eu gosto da ideia [ida de Bolsonaro para algum partido do bloco], mas eu não sei se ele, o presidente, está pensando nisso. Eu não tratei desse assunto com ele. Eu acho que ele tem que escolher bem o partido pelo qual ele vai disputar a reeleição. Esse é um fator relevante, mas também acho que ele não vá fazer isso agora. Ele vai começar a pensar nisso do meio do ano que vem para a frente", afirmou o líder do governo na Câmara.
Embora Barros negue, aliados do governo têm admitido reservadamente que o presidente precisará fazer uma reforma ministerial para ampliar o espaço do Centrão se quiser utilizar a força política do bloco na busca pela reeleição em 2022. O Centrão já controla o Ministério das Comunicações e ainda detém vários cargos importantes na administração federal.
Crise no Amapá
Nos últimos dias, aumentaram as pressões para que o presidente demita o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, que está desgastado com o longo apagão no Amapá, que completou 17 dias nesta quinta-feira (19/11). A medida, além de abrir mais uma vaga para o Centrão no governo, seria também uma maneira do Planalto de demonstrar o prestígio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), cujo irmão, Josiel Alcolumbre (DEM), corre o risco de perder as eleições para prefeito de Macapá, em razão do apagão. No Amapá, o principal cacife eleitoral do presidente do Senado é a demonstração de poder junto ao governo federal. Uma eventual demissão Bento Albuquerque também abriria caminho para uma reforma ministerial mais ampla.
O deputado Ricardo Barros, porém, garante não ter qualquer conhecimento desse tipo de pressão. "Esses rumores não estão perceptíveis aos meus ouvidos. A estrutura de base do governo que eu articulei aqui está articulada, não depende do resultado da eleição [do Centrão]. Os partidos que estão na base estão na base porque se convenceram de que o presidente Bolsonaro precisa entregar o que prometeu na campanha e que nós podemos ajudá-lo a fazer isso", afirmou o líder do governo na Câmara.
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