JUDICIÁRIO

STF questiona escolha de reitores

Ministro Edson Fachin determina que Bolsonaro preste informações sobre a designação de gestores de universidades federais que estaria em desacordo com listas definidas pelas comunidades acadêmicas. AGU e PGR também são chamadas a se manifestar

Renato Souza
postado em 20/11/2020 00:37

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), fixou prazo de cinco dias para que o presidente Jair Bolsonaro dê explicações sobre a nomeação de reitores nas universidades federais. Ação apresentada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) questiona a designação de nomes que não ocupam os primeiros lugares de listas votadas pelo corpo docente das instituições.

A OAB argumenta que as universidades são autônomas, como previsto na Constituição Federal, e que o presidente da República não tem direito a escolher livremente os gestores. “O ato de nomeação de reitores e vice-reitores, pelo presidente da República, na forma do art. 16, I e III da Lei Federal 9.192/1995, deveria ser interpretado da seguinte maneira: havida a consulta prévia à comunidade acadêmica, o seu resultado deveria ser integralmente observado, vinculando o ato de nomeação à ordem das listas tríplices”, destaca pedido da instituição.

Os autores da ação entendem “que a nomeação, nestes casos, consiste em ato meramente homologatório, não podendo a legislação federal que regula a gestão democrática das universidades e sua autonomia mitigar a autonomia determinada pela Constituição da República, e deixar ao crivo do presidente da República uma livre escolha”.

A Advocacia-Geral da União (AGU) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) foram chamadas a se manifestar “com a máxima celeridade” sobre o caso.

Na decisão, Fachin lembrou de outra ação que está sob relatoria dele, na qual votou, em 9 de outubro, para garantir que o presidente respeite uma série de normas legais ao nomear reitores e vice-reitores de universidades federais. A ação foi ajuizada pelo Partido Verde, que contesta critérios usados por Bolsonaro para indicar dirigentes de instituições de ensino.

Na ocasião, Fachin destacou, em seu voto, a “imensa gravidade” do tema e defendeu a autonomia universitária. Para o ministro, a prerrogativa conferida ao presidente não é um instrumento de gestão e, portanto, não deve servir como um meio de ingerência ou controle das instituições de ensino.

A ação estava sendo analisada no plenário virtual da Corte, mas, após destaque pedido pelo ministro Gilmar Mendes, o caso foi remetido por Fachin para análise do pleno presencial da Corte, que atualmente realiza as sessões por videoconferência, em razão da pandemia do novo coronavírus. (Com Agência Estado)

Saiba mais

UnB na expectativa
No último dia 11, em entrevista ao programa CB.Poder, parceria entre o Correio e a TV Brasília, o deputado federal Professor Israel Batista (PV-DF) se disse preocupado com a nomeação dos reitores das universidades públicas. De acordo com ele, desde o início do mandato, o presidente Jair Bolsonaro definiu 15 candidatos a reitores que não estavam em primeiro lugar nas respectivas listas tríplices, elaboradas por docentes, alunos e funcionários. O parlamentar lembrou que alguns dos nomeados tiveram apenas 5% dos votos da comunidade acadêmica, como o da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Valdiney Veloso Gouveia. Também na quarta-feira passada, a comunidade acadêmica da Universidade de Brasília (UnB) fez um ato simbólico no prédio da reitoria, pedindo a nomeação de Márcia Abrahão, que teve 65% dos votos para seguir no cargo. O atual mandato dela acaba amanhã.

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