DIPLOMACIA

Embaixada da China sobe o tom após postagem de Eduardo Bolsonaro sobre 5G

País asiático reagiu a mensagem de parlamentar, que acusou os chineses de espionagem cibernética em publicação que foi apagada posteriormente

Roger Dias - Estado de Minas
postado em 25/11/2020 09:41 / atualizado em 25/11/2020 09:41

A Embaixada da China no Brasil divulgou nesta terça-feira (24/11) uma resposta às afirmações que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) publicou nas suas redes sociais na segunda-feira (23/11), acusando o país asiático de fazer supostas espionagens cibernéticas. Numa postagem, que foi posteriormente apagada, o parlamentar alega que o governo brasileiro apoiará os Estados Unidos e defende “uma aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China".

“O governo Jair Bolsonaro declarou apoio à aliança Clean Network, ançada pelo governo Donald Trump, criando uma aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China”, escreveu Eduardo Bolsonaro na noite da segunda-feira (23/11). Ele é presidente da comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.

A criação da tecnologia 5G tem sido uma disputa diplomática entre norte-americanos e asiáticos. O governo dos EUA acusa as empresas chinesas de espionagem. A China diz que os norte-americanos utilizam a questão da soberania nacional para prejudicar fabricantes chinesas.

Na resposta, feita também por meio das redes sociais, a Embaixada da China afirma que a postagem do filho do presidente Jair Bolsonaro não tem qualquer fundamento e prejudica muito a relação entre os dois países: “Na contracorrente da opinião pública brasileira, o dep. Eduardo Bolsonaro e algumas personalidades têm produzido uma série de declarações infames que, além de desrespeitarem os fatos da cooperação sino-brasileira e do mútuo benefício que ela propicia, solapam a atmosfera amistosa entre os dois países e prejudicam a imagem do Brasil. Acreditamos que a sociedade brasileira, em geral, não endossa nem aceita esse tipo de postura”.

No texto, os chineses lembram da antiga parceria comercial entre sul-americanos e asiáticos: “Ao longo dos 46 anos de relações diplomáticas, a parceria sino-brasileira conheceu um rápido desenvolvimento graças aos esforços de ambas as partes. A China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil há 11 anos consecutivos e é também um dos países com mais investimentos no Brasil”.

Os chineses reforçam que o pensamento de Eduardo Bolsonaro não reflete a ideologia da sociedade brasileira: “Instamos essas personalidades a deixar de seguir a retórica da extrema-direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e a amizade sino-brasileira, e evitar ir longe demais no caminho equivocado, tendo em vista os interesses de ambos os povos e a tendência geral da parceria bilateral. Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil”.

Estados Unidos

A embaixada também atacou a política adotada pelo governo de Donald Trump no desenvolvimento da tecnologia 5G: “O governo chinês incentiva empresas chinesas a operar com base em ciência, fatos e leis enquanto se opõe a qualquer tipo de especulação e difamação injustificada contra empresas chinesas. Os EUA têm um histórico indecente em matéria de segurança de dados. Certos políticos norte-americanos interferem na construção da rede 5G em outros países e fabricam mentiras sobre uma suposta espionagem cibernética chinesa, além de bloquear a Huawei visando alcançar uma hegemonia digital exclusiva”.

Mal-estar

A declaração do parlamentar já gerou mal-estar no governo brasileiro. Nesta terça-feira, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, se esquivou de responder quando foi perguntado se o Brasil havia entrado na aliança Clean Network para evitar a espionagem chinesa. "Pergunte o Eduardo", disse.

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