POLÍTICA E SAÚDE

Onda de infecção pelo novo coronavírus atinge deputados e senadores

Especialistas avaliam que infecção entre congressistas está relacionada, especialmente, à participação deles nas eleições municipais, ao atuarem em apoio a aliados

Wesley Oliveira
postado em 26/11/2020 06:00 / atualizado em 26/11/2020 11:29
 (crédito: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)
(crédito: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)

Em meio às eleições municipais — cujo segundo turno ocorrerá no próximo domingo —, uma onda de infecções pelo novo coronavírus avança sobre deputados e senadores. Segundo especialistas, as ocorrências podem estar relacionadas à atuação nas campanhas eleitorais, em que os parlamentares trabalham como puxadores de votos para os aliados.

Entre as autoridades que testaram positivo nos últimos dias estão os deputados federais Osmar Terra (MDB-RS), Sâmia Bonfim (Psol-SP), Fábio Trad (PSD-MS) e Hildo Rocha (MDB-MA). Já entre senadores, Luiz Carlos Heinze (PP-RS), Kátia Abreu (PP-MT) e Ângelo Coronel (PSD-BA).

“Precisamos ter consciência de que as eleições aconteceram em um momento de crise sanitária mundial e, mesmo com as orientações, muita gente não cumpriu os pilares de controle da pandemia. Neste período, vimos que muitos candidatos e seus cabos eleitorais abandonaram os protocolos de segurança em caravanas, carreatas e comícios lotados pelo país”, explica Joana D’Arc, professora de infectologia do Centro Universitário de Brasília (UniCeub). “O reflexo disso começa a aparecer agora, principalmente em cidades do interior.”

De acordo com a professora, as pessoas seguem as orientações de seus líderes e, muitas vezes, eles não deram o exemplo. “Nossa própria liderança tem dificuldades em cumprir as orientações da ciência. Muitas pessoas vão aderir ao comportamento do líder. Quando temos um país dividido sobre as orientações, elas acabam não surtindo muito efeito”, emenda.

Especialistas avaliaram que as campanhas eleitorais podem ter promovido uma interiorização do novo coronavírus. Portanto, cidades que registravam menos casos da covid-19 podem ter um crescimento exponencial nos próximos dias. “As campanhas foram exemplo de uma máxima de forma de contágio. Muitos políticos adotaram o mesmo modus operandi das eleições anteriores e abandonaram os pilares de segurança”, ressalta Ana Helena Germoglio, infectologista do Hospital Águas Claras. “Em regiões do Nordeste, por exemplo, já temos informações de que 80% dos leitos de UTI já estão ocupados.”

Ministros

No governo, a covid-19 também tem se alastrado. Na terça-feira, o ministro da Justiça, André Mendonça, foi diagnosticado com a doença. A assessoria de imprensa informou que “ele está bem e permanecerá em isolamento em casa nas próximas semanas”.

Mendonça é o 13º ministro do Estado a confirmar a infecção. Antes dele, o último tinha sido o da Saúde, Eduardo Pazuello, que chegou a ser internado. Também foram vítimas da doença os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Braga Netto (Casa Civil), Fábio Faria (Comunicações), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência), Luiz Eduardo (Secretaria de Governo), Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia e Inovações), Marcelo Álvaro Antônio (Turismo), Milton Ribeiro (Educação), Onyx Lorenzoni (Cidadania) e Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União). (Colaborou Sarah Teófilo)

STF avalia reeleição no Congresso

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou para o plenário virtual da Corte a ação que decidirá se os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP, podem concorrer a reeleição. O julgamento está marcado para começar em 4 de dezembro. Os magistrados vão avaliar a ação apresentada pelo PTB, que alega ser inconstitucional que ambos concorram ao cargo novamente. A Constituição proíbe a reeleição na mesma legislatura. No entanto, o texto não trata dos casos em que a reeleição ocorre em legislaturas diferentes. Em parecer enviado ao Supremo, a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) entendem que o assunto deve ser decidido pelo Congresso. Nos bastidores, corre que a maioria dos ministros da Corte também entende que esse tipo de assunto deve ser debatido no parlamento e não pelo Poder Judiciário.

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