Eleições

Aliança entre DEM e PSDB em 2022 ganha fôlego em caso de vitórias de Covas e Paes

Caso Bruno Covas e Eduardo Paes confirmem, amanhã, a conquista das prefeituras de São Paulo e do Rio de Janeiro, a aliança entre tucanos e democratas ganhará força para a corrida presidencial, daqui a dois anos

Jorge Vasconcellos
Wesley Oliveira
postado em 28/11/2020 06:00
 (crédito: Nelson Almeida/AFP)
(crédito: Nelson Almeida/AFP)

Se as urnas confirmarem as vitórias para Bruno Covas (PSDB) e Eduardo Paes (DEM), líderes das pesquisas de intenção de voto na corrida pelas prefeituras de São Paulo e do Rio de Janeiro, respectivamente, a aliança entre tucanos e democratas ganhará novo fôlego para 2022. Historicamente, as duas siglas sempre caminharam juntas nas disputas presidencias. No entanto, segundo analistas, o DEM deverá passar de coadjuvante para peça principal na composição nas eleições nacionais.


De acordo com as últimas pesquisas, Covas lidera com 47% das intenções de votos em São Paulo, contra 40% de Guilherme Boulos (PSol). No Rio, Paes (55%) tem ampla vantagem contra o atual prefeito, Marcello Crivela (23%). As cidades representam os dois maiores colégios eleitorais do país, somando quase 14 milhões de eleitores.


Para Eduardo Monteiro, analista em ciências políticas da GC Analitycs, a eleição em São Paulo é uma grande forma de o governador João Doria (PSDB) testar sua força e preparar o caminho para encabeçar uma chapa presidencial em 2022. O líder tucano é visto como um dos grandes articuladores dentro do partido.


“Apesar da disputa apertada, uma vitória do Covas seria, principalmente, uma vitória do Doria. Ele, claramente, visa concorrer em 2022 e, além de ter o governo estadual, ter um aliado na maior prefeitura do país será essencial para conseguir se consolidar como cabeça de chapa nas próximas eleições”, afirma Monteiro.


Já no Rio de Janeiro, a possível vitória de Paes representa um fortalecimento de alguns nomes do Democratas, como o do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia. O parlamentar chegou a lançar pré-candidatura em 2018, mas acabou abrindo mão para apoiar o candidato do PSDB na época, Geraldo Alckmin.


“O DEM sempre ficou na esteira do PSDB em muitas ocasiões. Mas, agora, eu acho que os nomes do partido vão tentar ocupar um lugar de protagonista, tendo em vista que eles conseguiram grandes prefeituras e aparecem com alguns nomes menos desgastados que no PSDB”, destaca Monteiro.
O partido de Rodrigo Maia é presidido pelo prefeito de Salvador, ACM Neto. Na capital baiana, ele aparece com mais de 70% de aprovação e conseguiu eleger seu sucessor, Bruno Reis, ainda no primeiro turno. Além disso, o partido aumentou em 72% a quantidade de prefeitos eleitos — para 462 — e passou a integrar o grupo das cinco siglas com mais cidades sob gestão, integrado, além do MDB (777), por Progressistas (682), PSD (652) e PSDB (519).

Dificuldade


No entendimento de Jorge Medeiros, especialista em direito eleitoral, diante do crescimento do DEM e de nomes como de Luiz Henrique Mandetta (ex-ministro da Saúde) e de ACM Neto, talvez o PSDB passe a ter mais “trabalho” na hora de negociar. “A depender da gestão que Paes der para o Rio e do desgaste que Doria sofrer em São Paulo, talvez sobre para o PSDB o lugar de vice. Caberá saber se o governador paulista aceitará essa troca”, enfatiza.


No âmbito nacional, DEM, PSDB e o MDB formaram uma aliança no Congresso de independência do governo de Jair Bolsonaro. Líderes dos partidos afirmam que a composição “representa a indicação de um centro democrático e liberal que sabe dialogar com a esquerda e a direita”.


Recentemente, Doria disse que após as eleições municipais seria possível mensurar a força dos três partidos. “Um passo de cada vez. Após as eleições deste ano, teremos uma indicação mais clara da força dessa união, que no plano nacional integra PSDB, MDB e DEM”, frisou, então.

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