COVID-19

Bolsonaro volta a atacar Doria: 'Um santo de calça apertada'

"É muito interesse de um governador aí em querer salvar vidas. Muito interesse dele. Estou até preocupado. Acho que ele...se morre hoje, vai para o céu", ironizou o presidente

O presidente Jair Bolsonaro insinuou na noite desta quinta-feira (26/11) que o governador de São Paulo, João Doria, possui interesses escusos em relação à vacina contra a covid-19. A declaração ocorreu durante transmissão de live nas redes sociais.

O chefe do Executivo falava sobre a derrubada pelo Congresso Nacional de um veto parcial dele à Lei 14.006, de 2020, que permite à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar a importação e a distribuição de medicamentos e equipamentos contra a covid-19 já liberados para uso no exterior. Bolsonaro havia vetado o dispositivo que determina o prazo de 72 horas para emissão da autorização 

"Essa lei obrigando a Anvisa em 72 horas homologar e distribuir produtos que sejam certificados em outros países, aí não compete a mim interferir nisso. Eu, no que depender de mim, eu homologo [vacinas]. Depois de passar pela saúde e for certificado pela Anvisa, o governo federal vai comprar esse material e vai colocar à disposição da população de forma gratuita e voluntária", apontou.

O mandatário ainda rebateu uma fala do governador paulista, de que poderia iniciar a aplicação de uma vacina contra a covid-19 mesmo sem a aprovação do órgão de vigilância sanitária.

"A Anvisa é independente. Não adianta um governadorzinho aí, que nós sabemos quem é, ficar criticando", disse Bolsonaro.

Em seguida, o presidente disparou que estava "assustado" com tamanho interesse por parte do governador tucano na defesa da CoronaVac e voltou a chamá-lo de "ditador". "Há uma preocupação de todo mundo que interesses outros podem estar envolvidos nessa questão da vacina. É muito interesse de um governador aí em querer salvar vidas. Muito interesse dele. Estou até preocupado, acho que ele... se morre hoje, vai para o céu. É um santo esse cara. Tá tão preocupado em salvar vidas. Um santo da calça apertada", alfinetou.

“Obrigar o cidadão a tomar a vacina (…) isso é uma ditadura, pô. Ou então, ele é um falso ditador que está a fim de fazer negócios com a vida dos outros", complementou.

Bolsonaro completou que trata-se de um assunto sério. Ele criticou a derrubada do veto em relação à Anvisa. "A questão é séria, tem que ter responsabilidade nisso daí e não é falar que vou obrigar, vou fazer isso, vou fazer aquilo. Eu acho com todo respeito ao parlamento, que eu fui parlamentar também, que a derrubada desse voto meu não foi bem-vindo. Nós não queremos atrasar nada. Tanto é que uma vez certificado pela Anvisa, da nossa parte, imediatamente nós providenciaremos a compra. E o Plano Nacional de Imunização está praticamente pronto na saúde para a gente vacinar quem quiser", alegou.

O presidente voltou a dizer que não tomará a vacina contra o novo coronavírus quando a mesma estiver disponível. O chefe do Executivo ressaltou ter certeza de que o Parlamento não interfirirá na decisão individual nessa questão.

"Eu digo para vocês, eu não vou tomar. É um direito meu e tenho certeza que o parlamento não vai criar dificuldade para quem, porventura, não queira tomar a vacina. Porque quem não tomar a vacina, se ela for eficaz, duradoura, se for confiável, quem não tomar está fazendo mal pra si mesmo e quem tomar a vacina não será infectado. Então, não tem que preocupar. De 200 caras que trabalham comigo, não tomou e eu tomei, eu estou safo. Vocês que não tomaram, problema de vocês", emendou.

Ele também relembrou um episódio no qual ironizou a vacina obrigatória anunciada por Doria na capital paulista, onde posou ao lado de um cachorro adotado pela primeira-dama, Michelle. Na ocasião, ele voltou a dizer que a vacina não será compulsória. “Vacina obrigatória só aqui no Faísca”, escreveu.

Bolsonaro reclamou da polêmica causada pela postagem e disse que "não pode falar nada que a mídia leva para a maldade o tempo inteiro". Segundo ele, "a imprensa não trata com a responsabilidade que tem que ter, eu tenho responsabilidade", justificou.

Por fim, o presidente disse esperar que os países que estão na corrida para a fabricação de uma vacina eficaz, deve primeiro aplicar em sua própria população. "A gente espera que o país que está colocando a disposição a vacina, aplique antes nos seus".