A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de barrar, por 6 a 5, a reeleição dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), reacendeu o apetite do MDB. Derrotado no pleito anterior –– com o deputado Fabio Ramalho (MG) e com o senador Renan Calheiros (AL) ––, o partido se mobiliza para conquistar o comando das duas Casas. Força para isso já tem: é a maior bancada no Senado, com 13 integrantes, e a quarta maior da Câmara, com 35 parlamentares e trânsito da direita à esquerda. O MDB esteve pela última vez à frente do Congresso com Renan Calheiros (AL) e, na Câmara, com Eduardo Cunha.
O atual líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), é apontado como o nome de Alcolumbre e que também teria o apoio do Palácio do Planalto. No entanto, Simone Tebet (MDB-MS), que se coloca como independente, teria demonstrado interesse em postular candidatura.
“Agora vai ser uma disputa dentro do partido. Apesar de ter a maior bancada no Senado, o MDB é dividido entre governistas e independentes. Ou seja, vai ser briga de gente grande”, afirmou um integrante da legenda ao Correio.
No caso da Câmara, Rodrigo Maia anunciou, ontem, que deve divulgar quem vai apoiar nos próximos dias. Entre os que podem entrar na disputa pela sucessão estão Elmar Nascimento (DEM-BA), Baleia Rossi (MDB-SP) e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) –– os dois primeiros são apontados como favoritos, pois têm bom trânsito entre as bancadas da esquerda, capazes de desequilibrar o jogo. No caso de Aguinaldo, seria uma forma de rachar o Centrão, cujo nome ainda é o do deputado Artur Lira (PP-AL).
Outros atores
Mas isso não quer dizer que o MDB nadará de braçada. O grupo Muda Senado, que conta com cerca de 20 parlamentares, trabalha para tentar chegar a um consenso para um nome a ser lançado à disputa. Na bolsa de apostas, o líder do PSL, Major Olímpio (SP), e o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) despontam como possíveis candidatos, pois haviam demonstrado interesse em concorrer à cadeira hoje ocupada por Alcolumbre. Mas nomes como Álvaro Dias (Podemos-PR) e Esperidião Amin (PP-SC) correm por fora.
Já o PSDB pretende lançar a candidatura de Tasso Jereissati (CE), cujo nome para o comando do Senado foi anunciado pelo colega de bancada Izalci Lucas (PSDB-DF).
Os partidos de esquerda também podem embolar a briga lançando um nome ao Senado apenas para contrapor ao de Eduardo Gomes, devido ao fato de ser líder do governo no Congresso. Corre por fora o de Jaques Wagner (PT-BA), que tem bom trânsito com partidos da centro-direita e pode ser um nome com o apoio do DEM apenas para derrotar o Palácio do Planalto –– e, em contrapartida, congregar a esquerda na Câmara ao respaldar o nome a ser indicado por Maia.
Centrão fechado
Na Câmara, o Centrão ainda vai de Artur Lira, apesar do recente caso das rachadinhas, do qual, aliás, ele saiu ileso depois que o juiz Carlos Henrique Pita Duarte, da 3ª Vara Criminal de Maceió, acatou os argumentos da defesa do parlamentar e decidiu absolvê-lo das acusações de integrar um esquema de repartição de salários de servidores enquanto era deputado estadual. Com a decisão da Justiça de primeira instância, sua candidatura voltou a ganhar fôlego.
Lira, cujo apoio do presidente Jair Bolsonaro continua incerto por causa do episódio em que foi acusado de embolsar os salários dos seus funcionários no gabinete da Assembleia Legislativa de Alagoas, prometeu lançar sua candidatura ainda nesta semana com apoio de 130 deputados. No caso do respaldo do Palácio do Planalto, o martelo se mantém em suspenso, pois o deputado safou-se da mesma acusação que persegue o filho do presidente, Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), contra quem o Ministério Público reúne a cada dia mais provas.
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