POLÍTICA

DEM quer manter o controle do Senado

Presidente da Casa, Davi Alcolumbre trabalha para viabilizar Rodrigo Pacheco, do mesmo partido, como seu sucessor. Entrave é o MDB, dono da maior bancada e, portanto, com a prerrogativa de ocupar o cargo. Até agora, porém, não há nenhuma candidatura oficial

Jorge Vasconcellos
postado em 12/12/2020 07:00
 (crédito: Roque de Sá/Agencia Senado)
(crédito: Roque de Sá/Agencia Senado)

Com mais de 10 pré-candidatos até agora, a disputa pela Presidência do Senado segue mergulhada em indefinições, enquanto o atual ocupante do cargo, Davi Alcolumbre (DEM-AP), tenta viabilizar Rodrigo Pacheco (DEM-MG) como opção para ter o apoio do Planalto e da maioria dos senadores. Uma das maiores dificuldades, no entanto, deverá ser em relação ao MDB, dono da maior bancada da Casa e que, pela tradição, tem a prerrogativa de ocupar a Presidência. Apesar das articulações internas, não há, até agora, nenhum nome oficializado para concorrer ao pleito, marcado para fevereiro.

Após a decisão do Supremo Federal (STF) de vetar a reeleição dos atuais mandatários da Câmara e do Senado, Alcolumbre saiu a campo na tentativa de definir o sucessor. Ele reuniu-se com o presidente Jair Bolsonaro na terça-feira, quando os dois decidiram trabalhar juntos para a escolha de um nome. O parlamentar amapaense também tem conversado com senadores individualmente, em busca de um consenso.

Ao defender o nome de Rodrigo Pacheco, Alcolumbre tenta garantir o comando de, pelo menos, uma das Casas do Congresso para o seu partido, já que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também foi impedido de concorrer à reeleição.

Pacheco tem a simpatia de Bolsonaro, com quem se reuniu no Palácio do Planalto, na terça-feira. Na ocasião, ao lado da bancada mineira, o parlamentar pediu a ajuda do governo federal na busca de soluções para o problema do reservatório de Furnas, cujas águas apresentam nível cada vez mais baixo. O presidente, porém, tem preferência por, pelo menos, outros dois senadores — Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso, e Nelsinho Trad (PSD-MS). Como Alcolumbre também é próximo de Gomes e pretende manter a boa relação com Bolsonaro após deixar a Presidência, é possível que, em algum momento, venha a reavaliar a escolha por Pacheco.

A tradição que dá à maior bancada o direito de ocupar a Presidência reforça, ainda mais, a candidatura de Gomes. Na eleição de 2019, o MDB não lançou mão dessa prerrogativa porque chegou rachado em torno de Renan Calheiros (MDB-AL) e Simone Tebet (MDB-MS) e acabou optando pelo parlamentar de Alagoas. Essa divisão favoreceu a candidatura de Alcolumbre, que venceu a eleição.

Agora, para o pleito de fevereiro de 2021, o MDB tem, ao menos, quatro pré-candidatos. Além de Eduardo Gomes, a lista inclui Eduardo Braga (AM), líder do partido no Senado; Fernando Bezerra Filho (PE), líder do governo na Casa; e Simone Tebet, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

No PSD, segunda maior bancada do Senado, um nome que também vem sendo citado, porém com menos força, é de Antonio Anastasia (MG), vice-presidente da Casa. Mineiro como Rodrigo Pacheco, ele é bem-visto pelos colegas por ter trânsito com diversos partidos, até com os da oposição, e, ao mesmo tempo, ter uma postura independente em relação ao Palácio do Planalto.

Outros seis postulantes à sucessão de Alcolumbre fazem parte do Muda Senado, um grupo heterogêneo que reúne parlamentares de diferentes partidos. Em reunião na quinta-feira para discutir estratégias, os senadores redigiram um documento que deve servir como um manual a ser seguido pelo candidato, em caso de vitória na eleição.

O nome escolhido pelo grupo deve ser apresentado na próxima semana. Até o momento, os concorrentes são Major Olimpio (PSL-SP), Jorge Kajuru (Cidadania-GO), Mara Gabrili (PSDB-SP), Alvaro Dias (Podemos-PR), Lasier Martins (Podemos-RS) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Antes mesmo da decisão do STF contra a reeleição dos atuais presidentes da Câmara e do Senado, Olimpio e Kajuru já haviam anunciado suas candidaturas.

Maia volta a atacar governo

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a criticar a atuação do governo na eleição da Mesa Diretora da Casa, marcada para 1º de fevereiro. Conforme o Estadão, a Secretaria de Governo, do ministro Luís Eduardo Ramos, tem agido em defesa da candidatura do deputado Arthur Lira (PP-AL). De lá, deputados saem com promessas de emendas parlamentares, algumas além daquelas a que já têm direito, e de cargos a preencher em seus redutos eleitorais. “Achar que deputado está à venda por emendas é antidemocrático”, disse Maia, durante participação no 19º Fórum Empresarial LIDE. “Tenho certeza de que a Câmara será muito maior do que isso e elegerá candidato independente. Todas essas disputas políticas, inclusive sucessão no Congresso, podem nos levar a dificuldades que não temos hoje.”

 

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