A presidente da Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB/Sindical), Maria Celina de Azevedo Rodrigues, saiu em defesa do embaixador Fabio Mendes Marzano, rejeitado pelo Senado Federal para assumir uma posição nas Nações Unidas em Genebra.
A presidente da ADB lamentou a rejeição. “Ao reconhecer e respeitar a soberania e o empenho do Senado Federal na realização das sabatinas, por um dever de justiça, a ADB Sindical não pode, na mesma medida, se furtar a destacar a relevância da atuação do diplomata Fabio Marzano para a carreira diplomática brasileira”, declarou.
"Casa dos terrores"
Na última terça-feira (15) o Senado rejeitou a indicação do embaixador Fabio Mendes Marzano para ocupar a posição de delegado permanente do Brasil nas Nações Unidas, em Genebra, na Suíça. Esta foi a primeira rejeição de um diplomata pelo plenário no governo de Jair Bolsonaro, algo considerado raro.
Marzano havia sido aprovado pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, mas teve o nome rejeitado na terça-feira por ampla margem, 37 votos contrários a 9 favoráveis. Durante a sabatina, o diplomata foi inquirido pela senadora Kátia Abreu (Progressistas-TO).
Abreu questionou Marzano sobre qual posicionamento ele tinha a respeito da influência da questão ambiental no acordo comercial entre União Europeia e Mercosul. Marzano disse que não poderia responder à questão.
“Na verdade a delegação em Genebra não se ocupa de temas ambientais. As temáticas estão mais relacionadas com direitos humanos. A delegação não se ocupa do acordo Mercosul/União Europeia. Se a senhora me permite, eu não estaria mandatado para opinar sobre o acordo”, respondeu ele.
No entanto, a senadora pediu o direito à palavra e disse que lamentava um futuro delegado permanente se recusar a comentar o acordo. “Alguma coisa o senhor poderia falar. A sua opinião me interessa bastante porque é mais uma força na embaixada do Brasil em Genebra lutando pelo que é mais importante para nós. Se nem dessa forma pode comentar algo, o Itamaraty está virando uma casa dos terrores e eu sinto muito por este caso, que é perto de um vexame, que esta comissão está passando”, finalizou a senadora.
"Vira uma bagunça"
Na nota em defesa do embaixador, Azevedo Rodrigues também ressaltou qualidades profissionais de Marzano. “Ele tem 32 anos de carreira, e é uma pena não ser aceito. Até porque comentar um parecer sobre a negociação Mercosul é atribuição de Bruxelas e não Genebra, porque por mais que o profissional acompanhe diversos assuntos, ele não está inserido dentro daquela realidade de forma que sempre haverá algum novo acontecimento que ele pode desconhecer”, pontuou.
Azevedo Rodrigues explicou que durante os meses que precedem as sabatinas, os embaixadores estudam os assuntos de que se ocuparão no exterior. “Lamentamos que os senadores não tenham tido a oportunidade de conhecer melhor o diplomata, cuja indicação recusaram”. E complementou: “se todo mundo palpitar sobre todos os assuntos vira uma bagunça. Não vemos, por exemplo, um determinado Ministério opinando sobre as atribuições do outro, a mesma coisa acontece com a diplomacia”, finalizou.
*Estagiário sob a orientação de Carlos Alexandre de Souza
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