Tratamento

Sem prova científica, Bolsonaro volta a defender ivermectina e nitazoxanida contra covid-19

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) já afirmou que não há comprovação de eficácia das medicações e a própria Anvisa definiu que substâncias são indicadas apenas para o especificado em bula

Ingrid Soares
postado em 05/01/2021 13:05
 (crédito: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
(crédito: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o uso precoce de ivermectina e nitazoxanida no tratamento da covid-19. As medicações usadas como vermífugos, no entanto, segundo instituições científicas de referência, não possuem eficácia comprovada contra o vírus. Nesta terça-feira (5/01) por meio das redes sociais, o mandatário atribuiu a baixa taxa de óbitos do novo coronavírus em países africanos à distribuição da medicação para a população.

“Nota-se a baixíssima taxa de óbitos por Covid em países africanos (no Brasil são 923/milhão de habitantes em 03/janeiro). Uma das possíveis causas é um programa da OMS, desde 1995, de controle da Oncocercose (cegueira do rio). No Programa, a distribuição em massa da IVERMECTINA pode ser a responsável pela baixa mortalidade da Covid-19 nesses países. Obs.: Outras causas podem influenciar nos números, contudo a IVERMECTINA nos parece ser a mais provável”, escreveu.

- TABELA DA OMS DE 04/JAN/2021. - Nota-se a baixíssima taxa de óbitos por Covid em países africanos (no Brasil são...

Publicado por Jair Messias Bolsonaro em Segunda-feira, 4 de janeiro de 2021


Horas depois, o chefe do Executivo postou uma nova publicação com uma entrevista, dessa vez sobre a nitazoxanida. “Conceituada revista científica internacional atesta que o medicamento antiviral nitazoxanida é capaz de reduzir a carga viral em pacientes infectados pelo coronavírus”.

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) já afirmou que não há comprovação de eficácia das medicações citadas acima no tratamento contra a covid-19. "Os estudos clínicos randomizados com grupos de controle existentes até o momento não mostraram benefício e, além disso, alguns desses medicamentos podem causar efeitos colaterais. Ou seja, não existe comprovação científica de que esses medicamentos sejam eficazes contra a Covid-19”, justificou a sociedade de saúde.

Em novembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontou que as substâncias mencionadas são indicadas apenas para o tratamento dos males e sintomas especificados na bula.

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