Momentos depois do ataque ao Capitólio, sede do Legislativo nos Estados Unidos, na quarta-feira, começaram a circular, em grupos de WhatsApp e em outras redes sociais, mensagens de brasileiros que se viram representados pela ação dos apoiadores do presidente americano Donald Trump. Em algumas das mensagens, os manifestantes defendiam que o mesmo fosse feito no Brasil.
Autodeclarados anticomunistas estão convocando cidadãos a impedirem a eleição de candidatos de esquerda às Presidências das Câmaras Municipais e da Câmara dos Deputados. As mensagens prometem protestos em 30 e 31 de janeiro e 1º e 2 de fevereiro.
Sobre as postagens, a Câmara informou que monitora, continuamente, todas as ações que possam afetar a segurança do Parlamento. O Senado não quis se manifestar.
Apesar das incitações, especialistas afirmam que o poder de mobilização dos brasileiros, neste momento, é bem menor do que o dos norte-americanos. Na opinião do cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), os extremistas comungam da mesma cartilha e, por isso, se sentiram representados pelo que ocorreu nos EUA. Segundo ele, essa onda da extrema-direita considera o mundo ocidental ameaçado pelo comunismo e pela dissolução moral e acredita que a decadência vem das potências comunistas, como Rússia e China.
“No Brasil, encontrou espaço e está no poder hoje. A ala ideológica é altamente representada por ministros, como Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Damares Alves (Família e Direitos Humanos) e Ricardo Salles (Meio Ambiente)”, pontuou.
Segundo Carlos Augusto Mello Machado, professor do Instituto de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UnB), as autoridades brasileiras aproveitaram o que ocorreu nos EUA para inflar suas bases no Brasil. “Temos de falar do interesse desses políticos em usarem o ataque ao Capitólio para com as suas bases aqui no Brasil. A capacidade de mobilização no Brasil é menor do que nos Estados Unidos, mas esses políticos usam do momento para inflarem seus apoiadores. E o pior é que eles não são afetados pelas instituições que atacam”, argumentou.
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