Poder

Voto presencial na Câmara

Mesa Diretora decide que deputados não poderão participar virtualmente do processo eleitoral, em 1º de fevereiro. Rodrigo Maia calcula que aproximadamente 3 mil pessoas estarão no Congresso, respirando no mesmo ambiente e, possivelmente, se infectando com covid-19

Luiz Calcagno
postado em 18/01/2021 22:32

A Mesa Diretora da Câmara decidiu, em votação, que as eleições para a Presidência da Casa serão presenciais. Significa que os 513 deputados terão que ir até o Congresso para registrar seu voto e escolher o próximo comandante da Casa, em 1º de fevereiro. O ainda presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) vinha articulando para desobrigar os parlamentares mais velhos ou com comorbidades de participarem presencialmente, mas foi vencido.

O deputado afirmou que a circulação no Congresso durante o processo eleitoral será de cerca de 3 mil pessoas. Maia lembrou da posse do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, quando diversas autoridades contraíram o novo coronavírus. “Se você cruzar o número de deputados que estão no grupo de risco, não é tão grande. A maior parte já teve o vírus. Mas temos que mobilizar mais de 2 mil funcionários da administração direta e indireta, e a imprensa. Então, tem uma circulação mínima de 3 mil pessoas no dia da votação. Eu entendia que, pelo menos no cruzamento daqueles que estão no grupo de risco, que pudessem ter o direito de votar de forma remota. Isso reduziria a presença de parlamentares e, automaticamente, de servidores”, argumentou.

O presidente da Câmara também lembrou que uma das autoridades que contraíram o novo coronavírus na posse de Fux, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Hamilton Carvalhido, morreu no domingo. “Esses prédios são de pouca circulação de ar. E, quanto maior a circulação de ar, menor o risco de contágio. Por isso, defendemos para proteger não apenas deputados e deputadas no grupo de risco, mas, principalmente, funcionários da Casa e a imprensa, já que fizemos eleições da mesa de forma remota. Mas a mesa é soberana”, disse.

“Vamos trazer parlamentares de 27 estados no momento de crescimento da pandemia, que vão trazer e levar o vírus de seus estados. A gente vê o que acontece em Manaus. Começamos a ver que a taxa de contágio em São Paulo atingiu indicador acima de 1 em todas as regiões, e a impressão é que em duas, três, quatro semanas, teremos um aumento rápido dos casos de coronavírus.”, afirmou Maia. “E em uma segunda onda, que parece, por informações médicas, que o vírus contamina mais, leva mais pessoas à UTI, e é mais letal que o que tivemos no primeiro semestre, início do segundo semestre do ano passado”, acrescentou.

A expectativa é de que, como o sistema é eletrônico, a votação não entre madrugada adentro. Há previsão, também, de protestos em frente ao Congresso no dia da votação. Maia destacou que apoiadores do presidente Jair Bolsonaro devem marcar presença para pressionar parlamentares pelo voto em Lira. “Achei até que a parte contaminada pelo governo ia pedir o voto impresso. Parece que vêm manifestantes para pedir apoio ao candidato do governo e pedindo ‘voto impresso já’. Veja o risco que estamos correndo para a eleição de 2022. Mas tenho certeza de que o ministro Alexandre de Moraes será um presidente (do Tribunal Superior Eleritoral), durante o processo eleitoral de 2022, com bastante comando sobre o processo”, observou.

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Solidariedade troca Lira por Rossi

 (crédito: pablo valadares)
crédito: pablo valadares

Na reta final da corrida pela Presidência da Câmara dos Deputados, o candidato Baleia Rossi (MDB-SP) conseguiu, ontem, atrair o Solidariedade para o seu bloco partidário. A sigla, que conta com 14 parlamentares, estava oficialmente no grupo do principal adversário do emedebista, o deputado Arthur Lira (PP-AL). De acordo com integrantes da legenda, a proximidade de Arthur Lira com o presidente Jair Bolsonaro pesou na decisão da comitiva do partido. Além disso, integrantes da sigla afirmam que a candidatura do emedebista representa a manutenção da independência do Legislativo.

“O que mais pesou dentro do partido foi a proximidade do candidato Lira com o presidente Jair Bolsonaro. Além disso, pesou na nossa decisão o conjunto de forças que vem apoiando o Baleia, a centro-esquerda e a centro-direita. Isso pode criar um movimento para o desenvolvimento do Brasil”, afirmou o deputado Paulinho da Força (SP), presidente nacional do Solidariedade.

Questionado se todos os integrantes do partido votarão com Rossi, Paulinho argumentou que, a partir de agora, conversará com todos os deputados para que a orientação seja seguida. Já o candidato emedebista afirmou que não apostará na “exposição” de parlamentares.

“Estamos conversando com todos os deputados, com muita humildade. Vamos fazer o mesmo com a bancada do Solidariedade. Nós não apostamos na exposição dos parlamentares. Estamos mostrando que, com uma Câmara forte, valorizamos o mandato de todos”, afirmou.

Agora, Rossi tem o apoio de 12 partidos: PSDB, DEM, PDT, Solidariedade, Cidadania, PV, PC do B, Rede, PT, PSL, MDB e PSB. Já Lira conta com sete — PL, PP, Pros, PSC, Republicanos, Avante e Patriota.

O PSol também lançou candidatura para a Presidência da Câmara. Ontem, Luiza Erundina (SP) fez uma transmissão com colegas da bancada e prometeu, se eleita, uma Casa Legislativa voltada para as necessidades da população, e não para “políticas econômicas neoliberais”. (LC e Wesley Oliveira)


Bolsonaro exalta as FAs

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, ontem, que as Forças Armadas são as responsáveis por decidir se há democracia ou ditadura em um país. Ele sugeriu, ainda, que as Forças Armadas foram “sucateadas” como parte de um objetivo de implementar um regime “socialista” no Brasil.

No período da manhã, em meio às pressões sobre a atuação do governo durante a pandemia da covid-19, Bolsonaro recorreu a um discurso mais ideológico. Para os apoiadores, ele também voltou a dizer que seu governo está há dois anos sem corrupção.

“O pessoal parece que não enxerga o que o povo passa, para onde querem levar o Brasil, para o socialismo. Por que sucatearam as Forças Armadas ao longo de 20 anos? Porque nós, militares, somos o último obstáculo para o socialismo”, afirmou a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, no período da manhã.

“Quem decide se o povo vai viver em uma democracia ou ditadura são as suas Forças Armadas. Não tem ditadura onde as Forças Armadas não a apoiam”, disse.

Bolsonaro afirmou ainda que “temos liberdade ainda”, mas “tudo pode mudar” e fez referência a possível eleição de Fernando Haddad (PT), seu adversário no segundo turno nas eleições de 2018.

“No Brasil, temos liberdade ainda. Se nós não reconhecermos o valor destes homens e mulheres que estão lá, tudo pode mudar. Imagine o Haddad no meu lugar. Como estariam as Forças Armadas com o Haddad em meu lugar?”, questionou Bolsonaro.

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