PANDEMIA

OAB cobra apuração contra desembargador que atacou isolamento social

Presidente do TJMS, Carlos Eduardo Contar chamou de "esquizofrenia e palhaçada midiática fúnebre" as recomendações de distanciamento social e de outras medidas de prevenção da covid-19

Jorge Vasconcellos
postado em 25/01/2021 18:05 / atualizado em 25/01/2021 18:06
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press - 13/8/19 )
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press - 13/8/19 )

O presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, cobrou dos órgãos de controle do Judiciário, nesta segunda-feira (25/1), que analisem a conduta do presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), o desembargador Carlos Eduardo Contar.

Durante a solenidade de posse na presidência do TJMS, na sexta-feira (22), o magistrado, ao defender o retorno ao trabalho presencial, chamou de "esquizofrenia e palhaçada midiática fúnebre” as recomendações de distanciamento social e de outras medidas de prevenção da covid-19. Em nota, o presidente da OAB afirma que Carlos Contar “ofende os brasileiros e contribui para conduzir o país a um maior número de mortes pela pandemia do novo coronavírus''.

O vídeo com o discurso do desembargador repercutiu nas redes sociais e foi compartilhado pelo presidente Jair Bolsonaro, um opositor das recomendações de prevenção contra a doença. O magistrado, ao criticar o isolamento social, afirmou que os defensores do “fique em casa” são “picaretas”.

“Voltemos nossas forças ao retorno ao trabalho, deixemos de viver conduzidos como rebanho para o matadouro, daqueles que veneram a morte, que propagandeiam o quanto pior melhor. Desprezemos o irresponsável, o covarde e picareta de ocasião, que afirme “fique em casa, não procure socorro médico com sintomas leves. Não sobrecarreguem o sistema de saúde […] Retornemos com segurança, pondo fim à esquizofrenia e à palhaçada midiática fúnebre, honrando nosso salário e nossas obrigações, assim como fazem os trabalhadores da iniciativa privada”, declarou o magistrado.

Ainda na solenidade de posse, o presidente do TJMS prosseguiu: “Mostremos nós, trabalhadores do serviço público, responsabilidade com os deveres e obrigações com aqueles que representamos e, por isto mesmo, retornemos com segurança, pondo fim à esquizofrenia e palhaçada midiática fúnebre, honrando nossos salários e nossas obrigações, assim como fazem os trabalhadores da iniciativa privada, que precisam laborar para sobreviver e não vivem às custas da viúva estatal com salários garantidos no fim de cada mês”.

Desprezo às vítimas

Para o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, o desembargador Carlos Contar demonstra “desprezo” pelas mortes causadas pela covid-19 no país. "O desembargador Carlos Eduardo Contar, com o seu discurso de posse na presidência do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, ofende os brasileiros e contribui para conduzir o país a um maior número de mortes pela pandemia do novo coronavírus”, diz um trecho da nota divulgada pelo advogado.

“Em demonstração de desprezo às mais de 217 mil pessoas que perderam suas vidas, o desembargador incitou o desrespeito a medidas de contenção do vírus, cometendo atentado contra a inviolabilidade do direito à vida, garantia fundamental da Constituição, e agrediu a imprensa em seu dever de informar a população. A OAB aguarda a análise da conduta do desembargador pelos órgãos de controle do Judiciário", concluiu o presidente da OAB.

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