GREVE

Divididos, caminhoneiros sinalizam que vão parar a partir de segunda

Na greve de 2018, que turbinou a candidatura de Bolsonaro, país viveu uma onda de desabastecimento e de aumentos abusivos de preço por 10 dias

Renato Souza
postado em 30/01/2021 06:00
 (crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
(crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Entidades que representam os caminhoneiros autônomos e o governo se mantêm apreensivos quanto à possibilidade de greve da categoria, na próxima segunda-feira (1º). Embora o movimento cresça principalmente em grupos da categoria nas redes sociais e aplicativos de mensagens, sindicatos e associações se manifestam contrários à paralisação. Em nota, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) se posicionou contra o movimento.

De acordo com a entidade, uma greve nesse momento faria com que insumos de combate à pandemia de coronavírus ficassem presos nas estradas e estoques se perdessem. “A CNTA entende que, apesar das dificuldades dos caminhoneiros, este não é o momento ideal para uma paralisação, principalmente em virtude da delicada realidade que o país está passando”, diz trecho da nota da entidade.

A greve anterior, entre os dias 21 e 30 de maio de 2018, paralisou o país ao provocar desabastecimento de combustíveis, gás de cozinha, alimentos e uma subida vertiginosa nos preços. Houve piquete nas estradas e motoristas que tentaram furar os bloqueios foram agredidos. Vários comboios precisaram ser escoltados pelas polícias rodoviária e rodoviária federal para que não houvesse saques e vandalismo. Alimentos e perecíveis apodreceram nas rodovias. O movimento de dois anos atrás alavancou a candidatura do hoje presidente Jair Bolsonaro, que fez várias promessas, mas que parte da categoria alega não terem sido cumpridas.

O assessor-executivo da CNTA, Marlon Maues, afirma que a categoria em peso não deve aderir à greve, mas diz que o país deve ter movimentos estanques. Ele atribui a grupos “de esquerda” a organização de atos nos estados. “Nós acreditamos que ocorrerão pontos isolados de arruaceiros, justamente suportados por essas entidades (de esquerda). O caminhoneiro do bem não vai se envolver com isso”, disse.

Combustível caro

Uma das principais reivindicações é o preço do diesel e de outros combustíveis. Em meio às articulações de greve, a Petrobras anunciou o aumento de 5% no insumo, o que acirrou ainda mais os ânimos. “No mesmo dia que eles fazem isso, o Sindicato dos Petroleiros anuncia movimentos. Isso é uma ação coordenada, leviana por parte da Petrobras de querer colocar fogo em um assunto que estava sendo tratado nos bastidores”, explicou.

O Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) informou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica a intenção da categoria em parar. O comunicado relata a insatisfação em relação ao aumento do combustível e apresenta outras reivindicações. O Ministério da Infraestrutura, em nota, observou que o conselho “não é entidade de classe representativa para falar em nome do setor”.

Uma pesquisa do TruckPad, aplicativo que conecta os profissionais do transporte e divulgada pelo Infomoney, aponta que 73% dos caminhoneiros pretendem parar na próxima semana, enquanto 26% são contra. O levantamento ouviu 300 mil profissionais do setor, na última quinta-feira.

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