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Sem novos ministérios

Bolsonaro garante que não vai recriar pastas para acomodar aliados por conta da possível vitória dos seus candidatos nas eleições da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. Presidente diz que trata-se de um processo difícil, burocrático e custoso

Ingrid Soares
postado em 30/01/2021 21:37
 (crédito: WAGNER PIRES/FUTURA PRESS)
(crédito: WAGNER PIRES/FUTURA PRESS)

O presidente Jair Bolsonaro recuou na recriação dos ministérios da Pesca, do Esporte e da Cultura. Depois de mais um passeio por Brasília e da visita a uma loja no SIA para realizar a revisão da motocicleta, negou que pretenda recriar pastas na Esplanada para acomodar aliados do Centrão, em retribuição à possível vitória, amanhã, de Arthur Lira (PP-AL) na eleição para a Presidência da Câmara e de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), na do Senado. Na última sexta, ele mesmo falou da possibilidade caso seus candidatos no Congresso fossem eleitos.

Bolsonaro disse, ainda, que não existe reforma ministerial e negou mudanças maiores. Segundo ele, só existe uma vaga aberta, que é a Secretaria-Geral, onde Pedro Cesar Nunes Ferreira Marques de Sousa assumiu como interino, após a ida de Jorge Oliveira para o Tribunal de Contas da União (TCU).

“Não existe nada. Só tem uma vaga aberta, que é a Secretaria-Geral. Então, o que pode acontecer é alguém de um ministério ir para a vaga do Pedro, abrir uma vaga para o lado de lá, ou o Pedro ser efetivado. Não tem nada mais além disso. Quem está jogando que vai ter reforma está dando palpite, mais nada. Se vocês olharem, toda semana a imprensa troca um ministro meu”, ironizou.

Ele também ressaltou que Onyx Lorenzoni (foi exonerado temporariamente, assim como Tereza Cristina, da Agricultura, para somarem votos na eleição da Câmara) poderá retornar ao Planalto, abrindo vaga no Ministério da Cidadania. O presidente o caracterizou como um “curinga” e que “está pronto para assumir qualquer ministério”. “O Onyx volta (ao Planalto). Eu conheço ele há muito tempo, me ajudou muito, acredito no trabalho dele. Eu chamo o Onyx de curinga: ele está pronto para ir para qualquer ministério”, observou.

Má interpretação
O presidente insinuou que foi mal interpretado sobre a recriação de ministérios e disse que apenas elogiou os secretários Jorge Seif (Pesca), Mario Frias (Cultura) e Marcelo Magalhães (Esportes). Para ele, pelo trabalho que desempenham, mereceriam o status de ministério. “Não tem recriação de ministério. Eu elogiei os três, que fazem um brilhante trabalho. Então, o elogio, dado o trabalho que fazem, eles mereciam ser ministros. Não é criar ministérios, como deram a entender para negociar com quem quer que seja”, justificou.

Sobre recriar pastas, disse que “não é fácil”: “Não está previsto, não é fácil. É burocracia, um pouco mais de despesa. Não está previsto”, assegurou, apesar de salientar que esportistas têm pedido a ele o retorno do Ministério dos Esportes.

Ainda sobre a eleição de amanhã, Bolsonaro se disse confiante na vitória de Arthur Lira na Câmara, o que possibilitaria resgatar pautas do governo que ficaram “represadas”. Mas, segundo o presidente, as pautas prioritárias serão as reformas Administrativa e Tributária, além de privatizações como as da Eletrobras e dos Correios.

 

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Bolsonaro aos caminhoneiros: não é hora de parar

O presidente Jair Bolsonaro voltou a pedir aos caminhoneiros que não façam greve, conforme está previsto para acontecer a partir de amanhã. Disse que tem feito o “possível”, mas que não consegue baixar o valor do dólar e reduzir impostos federais que incidem sobre os combustíveis. Ele pediu, ainda, que a categoria reflita sobre o atual momento do país, imerso na pandemia do novo coronavírus.

“(Os caminhoneiros) realmente são o sangue que leva o progresso dentro do Brasil. O Brasil vai perder, os senhores também. Então, a gente apela. Vocês têm razão nas reivindicações”, reconheceu.

Bolsonaro salientou que não pode prometer o “paraíso” para a classe, mas que busca soluções em conjunto com ministros da área. “Vamos ver se o Tarcísio (Gomes de Freitas, ministro da Infraestrutura) continua trabalhando para buscar soluções. Temos milhões de brasileiros informais que perderam emprego, trabalhadores negociam reduções. A gente apela para os caminhoneiros para que não façam a greve”, exortou.

O presidente se disse “escravo” da legislação e do teto de gastos. “A gente espera que o ministro Bento (Albuquerque, das Minas e Energia), a quem a Petrobras está vinculada, busque soluções. E que Paulo Guedes (ministro da Economia) arranje de onde tirar R$ 27 bilhões para zerarmos o PIS/Cofins do óleo diesel, pelo menos”, disse.

Liminar
Uma liminar concedida pela Justiça Federal do Rio, ontem, proíbe caminhoneiros em greve de bloquear, mesmo que parcialmente, a rodovia BR-101, que margeia o litoral do país, na manifestação que foi marcada para amanhã. A decisão vale para todo o trecho da BR-101 no Rio, desde Paraty, no litoral sul, a Campos, no litoral norte.

A liminar da Justiça Federal do Rio, concedida pela juíza federal Itália Bertozzi, titular da 24ª Vara Federal da capital fluminense, impõe ao motorista que descumprir a ordem multa de R$ 1mil por hora e por veículo. A decisão respondeu ação movida pela Autopista Fluminense, concessionária que opera a BR-101 no trecho entre a Ponte Rio-Niterói a divisa do Rio com o Espírito Santo.

Outra liminar, esta do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), concedida sexta-feira, proibiu bloqueios da Rodovia Presidente Dutra, trecho da BR-116 que liga São Paulo ao Rio. O Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) informou que teve acesso à decisão das Corte, assinada pela juíza Cláudia Vilibor Breda, que estabelece multa de R$ 10 mil para pessoas físicas e R$ 100 mil para jurídicas que descumprirem a determinação.

O CNTRC enviou ofícios na última quarta-feira a órgãos como o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor e Presidência da República avisando da greve. (IS)

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