PANDEMIA

Bolsonaro questiona eficácia de vacinas contra a covid-19

Apesar de a Anvisa já ter atestado que a CoronaVac e o imunizante da Universidade de Oxford têm mais de 50% de resposta contra o novo coronavírus, presidente contesta e diz que eles são "emergenciais". "Não está nada comprovado cientificamente"

O presidente Jair Bolsonaro colocou em dúvida a eficácia das duas vacinas autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial no Brasil contra a covid-19: a CoronaVac, desenvolvida pela farmacêutica Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, e Covishield, produzida pela farmacêutica Serum, AstraZeneca, Universidade de Oxford e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Nesta sexta-feira (22/1), ao falar com jornalistas em frente ao Palácio da Alvorada, o mandatário disse que elas são emergenciais e que ainda não está comprovado cientificamente que elas podem prevenir a população de contrair o novo coronavírus. Por conta disso, Bolsonaro comentou que não poderia ser "inconsequente" e obrigar todos os brasileiros a tomar as vacinas.

"O que eu tenho observado, ainda... Tem muita gente que tem preocupação com vacina. Deixo bem claro, ela é emergencial. Eu não posso obrigar ninguém a tomar vacina, como um governador falou há um tempo atrás que ia obrigar. Eu não sou inconsequente a esse ponto. Ela tem que ser voluntária. Afinal de contas, não está nada comprovado cientificamente com essa vacina ainda", disse Bolsonaro.

Apesar das falas do presidente, a Anvisa atestou, no último domingo (17/1), que as duas têm mais de 50% de eficácia: 50,39% para a CoronaVac e 70,42% para a Covishield. Além disso, o presidente se equivocou ao afirmar que os imunizantes são emergenciais. A emergência está relacionada apenas ao processo que autorizou o uso das vacinas antes do registro final delas junto à Anvisa.

De todo modo, Bolsonaro instruiu a população a ler sobre as particularidades de cada vacina antes de se imunizar. "Peço que o pessoal leia a bula, os contratos com as empresas para tomar pé de onde chegaram as pesquisas, porque não se concluiu ainda dizendo que uma vacina é perfeitamente eficaz", garantiu o presidente.

Após as ponderações, Bolsonaro até reconheceu que a vacina pode proteger as pessoas. Ele afirmou que nunca fez campanha antivacina, e que apenas era "contra a vacina sem passar pela Anvisa". "Passou pela Anvisa, não tenho mais o que discutir. Eu tenho que distribuir a vacina. Pelo que tudo indica, segundo a Anvisa, ela vai ajudar que casos graves não ocorram no Brasil, em quem for vacinado."

Distribuição da vacina de Oxford

Durante a entrevista, Bolsonaro comentou sobre a importação de 2 milhões de doses da Covishield, que devem chegar da Índia ainda nesta sexta-feira. Caso as vacinas estejam em solo brasileiro até o fim do dia, ele disse que o governo federal pode distribuir as doses para os estados já neste sábado (23/1).

"A logística é feita pelo (ministro da Saúde) Eduardo Pazuello, juntamente com o ministro (da Defesa) Fernando Azevedo, e nós entregamos (as vacinas) tão logo a Anvisa aprovou. Nós distribuímos no prazo programado, um dia antes. Pode ter certeza que a Aeronáutica está aí pronta para servir o Brasil mais uma vez, e essa vacina amanhã mesmo, se chegar hoje à noite, amanhã mesmo começarão (sic) a chegar aos seus destinos", prometeu.

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