ELEIÇÕES NO SENADO

Kajuru retira candidatura e detona Alcolumbre: "Office boy de Bolsonaro"

Senador goiano do Cidadania abriu mão de disputar a presidência do Senado e reclamou que Alcolumbre não cumpriu nada do que prometeu há dois anos

Augusto Fernandes
postado em 01/02/2021 16:48
 (crédito: Jane de Araújo/Agência Senado)
(crédito: Jane de Araújo/Agência Senado)

O senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO), que disputaria a presidência do Senado nesta segunda-feira (1°/2), retirou a sua candidatura para apoiar a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Ele fez o anúncio ao discursar na reunião preparatória, que antecede a votação para a chefia da Casa.

Kajuru lembrou que Tebet lançou uma candidatura independente, sem o apoio do próprio partido dela. Segundo ele, isso é algo que "não tem cabimento". "Nós aqui, no Senado, pedimos desculpas a você, Simone Tebet, por isso que lhe aconteceu, por essa covardia. A opinião pública brasileira, em maioria nas redes sociais, é você, vota em você", declarou o senador.

Kajuru disse, ainda, que mesmo que Tebet não vença, ela sairá da eleição "muito maior do que era" e que o atual presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP) sairá "muito menor". "Ele, que já perdeu a eleição municipal lá, é perigoso não ganhar eleição nem para síndico, mesmo com os milhões que mandou para o Amapá. Então (senadora Tebet), fique de cabeça erguida, absolutamente erguida."

Na sua fala, Kajuru fez outras críticas ao atual chefe da Casa. O parlamentar reclamou que Alcolumbre "foi um office boy de luxo" do presidente Jair Bolsonaro e que pouco fez pelo parlamento durante os dois anos que ficou à frente do Senado.

"O senhor entrou com a nossa confiança em mudança, especialmente de que não trocaria a palavra independência por subserviência. E o que o senhor foi nesses dois anos, desculpe a sinceridade, literalmente, foi um office boy de luxo do Presidente Bolsonaro", disparou Kajuru.

Segundo o parlamentar goiano, Alcolumbre "deveria pedir perdão à Deus por ter iniciado um mandato em que tudo o que ele prometeu ele não cumpriu". Na opinião de Kajuru, o atual presidente "fecha um mandato de forma tão melancólica, que muita gente no Brasil diz ter saudades de Renan Calheiros, nos tempos da capitania hereditária neste Senado".

"O senhor, presidente Davi Alcolumbre, me fez lembrar de Geraldo Brindeiro (procurador-geral da República entre 1995 e 2003), o maior engavetador de processos e projetos no governo Fernando Henrique Cardoso. Pedidos de impeachment, projetos ousados, como o fim da reeleição no Executivo, como taxação das grandes fortunas, todos esses projetos foram deixados de lado", reclamou Kajuru.

Críticas a Pacheco

De acordo com Kajuru, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato apoiado por Alcolumbre, "também vai ser um office boy de luxo e ter dois patrões" caso seja eleito presidente do Senado.

"Não terá independência e será também subserviente. Não teve a coragem nas entrevistas, nas declarações, de falar do que a Nação brasileira espera de um presidente do Senado, e esperou nesses dois anos, como CPIs, pedidos de impeachment, projetos importantes, corajosos, todos engavetados."

No discurso acalorado, Kajuru ainda sugeriu que Alcolumbre tenha negociado cargos de senadores com o governo para garantir a eleição de Pacheco. Nas últimas semanas, Bolsonaro declarou torcida pelo democrata de Minas Gerais.

"Nisso tem culpa do senhor, Davi Alcolumbre, porque o senhor comandou a eleição, o senhor escolheu o seu candidato. Portanto, foi o senhor que foi fazendo essas propostas. Desde o começo, quando sentiu que perderia no Supremo Tribunal Federal, o senhor já foi conversando com os senadores", acusou Kajuru.

"O MDB demorou a lançar a candidatura de Simone Tebet e ele, Davi, competente politicamente, esperto, começou já a convencer cada um dos senadores e cada um de um jeito, porque que teve jeito, teve. Com todo mundo não existe a regra de que o almoço foi de graça. Isso é muito ruim para a imagem do nosso Senado. Não adianta, senador, aqui dizer: 'A nossa imagem é boa. A nossa imagem melhorou'. Não melhorou coisa alguma, continua a mesma coisa e tende-se a trocar seis por meia dúzia. Não vai mudar absolutamente nada", concluiu.

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