Poder

Lira e Pacheco estão entre críticas e elogios após a primeira semana

Nos primeiros dias de trabalho, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco mostram que farão gestões diferentes da de seus antecessores no Congresso, o que rende aprovação e temor

Luiz Calcagno
Augusto Fernandes
postado em 06/02/2021 06:00
 (crédito: AFP / Sergio Lima)
(crédito: AFP / Sergio Lima)

Depois de uma longa campanha citando mais participação de parlamentares, harmonia entre os poderes e independência, os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), deixaram nos parlamentares as primeiras impressões de uma semana de gestão.

Líder do PCdoB, a deputada Perpétua Almeida (AC) avaliou que Lira ainda não conseguiu adequar as ações ao discurso nos primeiros sete dias. Na reunião de líderes de quinta-feira, por exemplo, quis o retorno de todos os parlamentares à Casa e não os 140 orientados pela equipe técnica, com o sistema misto. Mas acabou mudando de ideia. Segundo a parlamentar, ao contrário do antecessor, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o novo presidente parece se pautar mais pelo peso da maioria do que pela proporcionalidade.

“Na semana que vem, teremos plenário. Já deu para perceber que, na reunião do colégio de líderes, ele não procurou um acordo. Decidiu pela maioria. Se a pauta, daqui para a frente, for assim, cada votação polêmica vai demorar dias”, afirmou. “Os partidos maiores decidiram uma pauta e está decidido pelo voto da maioria? Acho que ele deveria levar em consideração mais o diálogo do que a força da maioria. Não é democrático quem tem mais força. Democrático é o diálogo, analisar cada proposta. Por isso, o regimento da Casa garante as obstruções, para a minoria ganhar tempo e fazer perceber que algumas coisas podem estar erradas.”

O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), elogiou os primeiros dias de trabalho de Lira. “A semana foi de expressão da harmonia, com vários encontros do presidente da Câmara e Senado com o presidente da República e ministros, reunião com todos os chefes de Poder. E a presença do presidente Jair Bolsonaro na abertura dos trabalhos legislativos mostra essa harmonia”, ressaltou. “As pessoas estão aliviadas com a harmonia e a tranquilidade que estão se instalando no Brasil. Houve articulação forte, ordenamento de raciocínio, e as propostas de governo tiveram apoio dos líderes da base. Temos um momento muito bom.”

À prática

No Senado, parlamentares também elogiaram o discurso de Pacheco e, agora, esperam pela prática, isto é, que o novo presidente apresente, de fato, uma gestão mais participativa. Na primeira sessão, na quinta-feira, muitos dos presentes reclamaram, por exemplo, do tempo que a Câmara tem levado para enviar as medidas provisórias do presidente da República. Os textos chegam perto de caducar, o que impede os senadores de os avaliarem na integridade. A possibilidade de transferir a reunião de líderes para as quintas-feiras, adiantando o trabalho da semana anterior (medida que Lira também disse que adotará) foi igualmente bem-visto.

De qualquer forma, Pacheco é mais técnico, enquanto antecessor, Davi Alcolumbre (DEM-AP), era mais conciliador, o que provoca receio de que ele enfrente dificuldades no colégio de líderes. O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) destacou que o discurso do presidente da Casa “está perfeito, basta cumprir”. “E foi destacada a mesma reivindicação dos senadores, de acertar com a Câmara os ritos de MP, que chega já sem a possibilidade de revisar. Esse é um desafio grande. Na terça, vamos reunir os líderes para definir o novo formato daqui para a frente”, destacou.

De acordo com Izalci Lucas “Pacheco é muito mais sistemático, mais técnico, advogado, que tem um olhar diferente”. “O Davi era mais articulador, são estilos totalmente diferentes. Mas acho que o Rodrigo vai trabalhar muito bem essa questão da condução dos trabalhos. No Parlamento, o que interessa é o argumento, o convencimento”, completou.

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