Congresso

Senado decreta luto oficial pela morte de José Maranhão

Parlamentares comentam o convívio com o senador, perseguido durante a ditadura e governador da Paraíba em três ocasiões. Maranhão lutava contra a covid desde novembro. Estava na segunda legislatura no Senado

Luiz Calcagno
postado em 08/02/2021 23:10 / atualizado em 08/02/2021 23:39
 (crédito: J. Batista/Câmara dos Deputados )
(crédito: J. Batista/Câmara dos Deputados )

Vítima de covid-19, o senador José Maranhão (MDB-PB), 87 anos, lutava contra a doença desde 29 de novembro. O parlamentar começou a vida política em 1955 como deputado federal pelo PTB, foi perseguido pela ditadura militar e teve os direitos políticos suspensos em 1969. Maranhão também foi, por três vezes, governador da Paraíba. É descrito por outros senadores como uma pessoa preocupada com os problemas do Brasil, de temperamento tranquilo e em quem se podia contar.

Colega de bancada, o líder do MDB, senador Eduardo Braga (AM), lamentou a morte. “Eu soube ainda há pouco. Fui informado pela família. Todos nós estamos muito tristes com a perda do nosso amigo José Maranhão. Ele era um bom amigo, um bom companheiro, companheiro do MDB, com quem eu convivi alguns anos no Senado”, lamentou. É o segundo colega que perdemos. É muito importante vacinar. Vacinar, vacinar e vacinar. Usar máscara e manter o distanciamento. É fundamental”, acrescentou.

O líder partidário acompanhou a luta de José Maranhão desde o início, e foi um dos parlamentares que insistiu para que o senador fosse se tratar em São Paulo. Inicialmente, Maranhão foi internado na Paraíba, mas, em 3 de dezembro, foi transferido para a UTI do Hospital Vila Nova Star, na capital paulista.

“Venho acompanhando desde novembro. Ajudei a convencê-lo a ir para São Paulo. Era uma pessoa querida por vários senadores, foi presidente da Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça (CCJ). Era uma figura humana muito querida. E nós do MDB temos um carinho muito grande por ele”, contou Braga.

Luto oficial

De acordo com uma nota divulgada pela comunicação do Senador, ele será enterrado em Araruna (PB), onde nasceu. Maranhão deixou a esposa, três filhos e dois netos. O MDBista é o segundo parlamentar do Senado a morrer vítima do vírus. Em 21 de outubro de 2020 Arolde de Oliveira (PSD-RJ) também perdeu a luta contra a doença.

Em nota de pesar do Congresso Nacional, o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (MDB-MG), decretou luto oficial de 24 horas. “Ficam mantidas as reuniões internas de trabalho, como a Reunião de Líderes da Casa. José Targino Maranhão cumpria o seu segundo mandato como senador da República. Maranhão começou na política na década de 1950. Precisamente em 1955, quando foi eleito deputado estadual, cargo para o qual foi reeleito por mais três mandatos”, afirma o texto.

“Também foi três vezes deputado federal. E governador do estado da Paraíba em três ocasiões. As sinceras condolências do Parlamento Brasileiro à família, amigos e a todos os paraibanos e paraibanas”, conclui a nota de pesar.

O senador Paulo Paim (PT-RS) aproximou-se de Maranhão quando o MDBista presidia a CCJ. “Era uma pessoa franca, tranquila, bem humorado sempre. É das pessoas que você podia contar com ele para qualquer tema de interesse da população. Sabia da importância das causas. Perdemos um parceiro. Quando ele presidiu a CCJ, tive mais contato com ele”, contou. “Era uma pessoa que tinha trânsito muito livre em todo Congresso. Foi três governador do estado. Era um grande quadro”, lamentou.

Assim como Eduardo Braga, Paim ressaltou a importância da vacina e das medidas de prevenção contra o covid-19. “O momento me preocupa. O que eu percebo é que a população não tem dimensão da gravidade da situação causada pelo covid. Não tem consciência. Muita aglomeração. Situações como essa estão acontecendo e o vírus vai se aproximando da gente. Na minha família, ninguém tinha pego, mas agora, dois passaram por momentos difíceis. Todo cuidado é pouco. O Congresso terá que seguir semi-presencial. Quem não puder comparecer, vota à distância, pois os mais idosos são os mais vulneráveis”, afirmou.

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