Covid-19

"Zero competência", diz Pazuello sobre responsabilidade do governo na crise do AM

Em audiência no Senado, o ministro da Saúde alegou que ações contra o novo coronavírus cabem a estados e municípios. Ele negou que a crise de oxigênio em Manaus tenha sido informada à pasta com antecedência, mesmo após visita de secretários aos hospitais

Bruna Lima
Maria Eduarda Cardim
postado em 11/02/2021 18:49
 (crédito: AFP / Miguel SCHINCARIOL)
(crédito: AFP / Miguel SCHINCARIOL)

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou, durante sessão no Senado Federal desta quinta-feira (11/2), que governo federal não tem qualquer competência na fabricação, transporte e distribuição de oxigênio aos estados e municípios. "Zero competência", reiterou. Ele disse, ainda, que o governo federal não foi informado com antecedência pelos gestores locais sobre a explosão de casos de covid-19 e a falta de oxigênio em Manaus.

Segundo o general, a estratégia faz parte da gestão e ações de saúde que compete aos estados e municípios. Após isentar a pasta de qualquer responsabilidade na situação que culminou na crise, Pazuello disse que somente com a ação em conjunto seria possível vencer a guerra contra o novo coronavírus.

"Mesmo assim, levei todo mundo para Manaus. Meu secretários nacionais. Pactuei com o governador que precisaríamos agir em conjunto, independentemente da lei, dessa competência. E foi assim que começamos a ganhar a guerra. Pactuando juntos e não dividindo”, disse Pazuello.

Ligação informal

Ao ser questionado pelos senadores se o Ministério da Saúde foi alertado sobre a falta de oxigênio no estado do Amazonas, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, indicou que o primeiro indício de falta de oxigênio veio informalmente, por meio de uma ligação no celular particular do ministro do secretário de saúde do estado, que pediu auxílio no transporte do insumo. "Até ali, não havia nenhuma indicação de falta de oxigênio".

Somente em 9 de janeiro, por meio do relatório diário da Força Nacional do SUS, o ministro da Saúde diz ter sido informado do colapso dos hospitais e sobre a falta da rede de oxigênio. Segundo Pazuello, o relatório, com dados do dia 8 de janeiro, cita que "foi mudado o foco da reunião, pois foi relatado um colapso dos hospitais e falta da rede de oxigênio”. “Existe um problema na rede de gás do município, que prejudica a pressurização de oxigênio nos hospitais", diz o relatório.

Após ler trecho do relatório, Pazuello indicou que o documento não indicou falta de oxigênio ou colapso por falta de oxigênio. “Senhores, os fatos relatados indicam deficiência na gestão dos hospitais por colapso e dificuldades técnicas em redes de gases. Em momento algum fala sobre falta de oxigênio, colapso de oxigênio ou previsão de falta de oxigênio. Rede de gases são os tubos de gases, e não o oxigênio que vai dentro”, explicou.

Enterrados no quintal

O ministro rebateu críticas de que houve lentidão e omissão no atendimento ao estado, usando como justificativa o fato de ter parentes morando na capital. "Muito estranho quando a gente ouve a possibilidade de não tomarmos atitudes imediatamente com relação à nossa cidade, com relação à nossa família. Conseguimos reverter inicialmente as tendências, hoje temos tendência de queda, e vamos completar essa missão com a vacinação forte, que é nosso objetivo: a aceleração da vacinação no Amazonas”, disse.

Senadores, em especial representantes do Amazonas, reivindicaram por mais vacinas para atender a emergência local e evitar uma terceira onda. "Ou nós imunizamos 70% no Amazonas ou vamos e enfrentar uma terceira onda. O mais rápido possível. Isso é uma apelo que nós, amazonenses, fazemos ao senhor e ao presidente Jair Bolsonaro", pediu o senador Omar Aziz (PSD-AM).

Eduardo Braga (MDB-AM) trouxe os números de mortes do Amazonas como argumento de que, ao contrário do alegado por Pazuello, a situação está longe de ser controlada. "Ao contrário: as mortes se estabilizaram em médias altíssimas de 113 mortos por dia, só no mês de janeiro. Neste momento, são 164 pessoas mortas por dia. O diagnóstico nem sempre é de covid, porque tem gente que está morrendo e nem chega ao hospital. Está morrendo em casa, sendo enterrado no quintal de casa", criticou, pedindo urgência de vacinação.

Pazuello informou que o objetivo é vacinar todos acima de 50 anos, "o mais rápido possível", não dando uma previsão. O Amazonas já recebeu 940 mil doses a mais do que outros estados e é o estado com maior proporção da população vacinada (4,5%). No entanto, menos de 35% das doses entregues chegaram ao braço da população, até o momento.

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