O pesadelo da pandemia do novo coronavírus não passou. Estamos longe de despertar do horror causado pela covid-19, que ceifou a vida de mais de 230 mil brasileiros — o segundo maior número de óbitos do planeta — e infectou quase 10 milhões. Em todo o planeta, o número de óbitos supera 2,3 milhões. Enquanto isso, as mutações do vírus desafiam os cientistas e pesquisadores. O risco de os imunizantes até agora produzidos não terem a eficácia esperada é grande. A Organização Mundial da Saúde (OMS), na última terça-feira (9/2), divulgou alerta sobre a possibilidade de redução de anticorpos capazes de bloquear a ação do cepa identificada em Manaus.
No Brasil, faltam vacinas. Em estado de vigília, constata-se que promessas e previsões não se confirmam. Há uma desordem que aumenta a ansiedade de muitos e permite que o vírus, em variantes atualizadas — três foram identificadas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) — tenha maior velocidade de contaminação e força para retirar a vida das pessoas. Pouco mais de 2,1% da população foram vacinados. A meta é imunizar pelo menos 150 milhões dos 211 milhões de brasileiros. Mantido o atual compasso, o ciclo não será concluído sequer no próximo ano. Pelo ritmo atual, indicam projeções, o processo levará quatro anos.
O relaxamento do isolamento social, ocorrido no fim do ano, levou milhares de pessoas às praias, permitiu a abertura do comércio, bares, restaurantes, além das comemorações natalinas e festas clandestinas. Muitos foram às compras, deixando de lado as medidas protetivas — sem máscara ou higienização das mãos a cada instante, como recomendam as autoridades sanitárias. Resultado: uma segunda onda da crise, muito mais violenta, se abateu sobre o país. Mais pessoas foram infectadas. Unidades públicas de saúde entraram em colapso. Em Manaus, dezenas de pessoas morreram até por falta de oxigênio. O número de vítimas agora passa de mil a cada 24 horas.
Hoje é carnaval. Tamborins, reco-recos, surdos, cuícas, cavaquinhos estão em silêncio. Não vão ecoar nas avenidas nem ditar o ritmo para os foliões. A prudência e as orientações da ciência impedem o ingresso no reinado de Momo. A maior festa popular do mundo, que sempre atraiu gente de todos os continentes ao Brasil, foi suspensa. A defesa da vida e o luto que consternam o país são incompatíveis com a comemoração.
O samba enredo em defesa da saúde e da vida inspira cautela, prevenção, regras de proteção individual e tem como refrão “fique em casa”. Rejeite aglomerações. Momo é um ser imortal e estará com seu reino sempre pleno de alegrias e colorido para uma folia saudável, tão logo a ciência consiga aprisionar o senhor da tristeza ou estraga prazer, conhecido como novo coronavírus.
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A forminguinha, o canhão e o mestre
Em tempos de guerras ideológicas insanas e mentes amedrontadas por correntes irresponsáveis de fake news que se espalham nas redes sociais, heróis da Copa do Mundo de 1958 configuraram seus esquemas táticos, driblaram polêmicas e aderiram à vacina para atacar o inimigo invisível.
Foi tocante ver, na segunda-feira, Mário Jorge Lobo Zagallo comemorando mais um título: o de ter recebido a primeira dose da CoronaVac contra a covid-19. Aos 89 anos, o único tetracampeão mundial como jogador (1958 e 1962), técnico (1970) e coordenador (1994) recorreu à superstição para festejar o momento. Disse que “Zagallo vacina = 13 letras”.
Sim, ainda não temos convicção da eficácia dos imunizantes, porém, além da fé em Deus (no meu caso, pois respeito a sua religião), a vacina é o que temos nesse momento de pandemia do novo coronavírus. Daí o discurso consciente do Velho Lobo. “Chegou a minha idade, eu estou com 89 anos. Vou fazer o que muita gente ainda não fez, mas que todo mundo tem que fazer. Isso é bom para a saúde e, coletivamente, se todos fizerem, o índice de mortes vai baixar”.
Zagallo era o camisa 7 na lista dos inscritos na Copa da Suécia. Disputava posição com outro craque canhoto como ele: José Macia. Aos 85 anos, Pepe também levou, ontem, a primeira picada. O ídolo do Santos foi às redes sociais dar um conselho aos fãs. “Torçam em casa, não se reúnam em bares e evitem festas. A covid-19 é muito contagiosa”, recomendou em um vídeo.
Bicampeão mundial e segundo maior artilheiro do Santos, atrás somente do Rei Pelé, Pepe aproveitou para encorajar quem sofre de aicmofobia — como é chamado o medo de agulhas. “Foi tudo bem. Não doeu nada”, testemunhou o ponta-esquerda.
Evaristo de Macedo é outro exemplo da velha guarda. Ídolo do Flamengo, Barcelona e Real Madrid, o ex-atacante disputou as Eliminatórias para a Copa de 1958 e só não esteve na lista final de Vicente Feola porque estava distante do Brasil. Atuava no futebol espanhol à época. Aos 87 anos, o técnico do Bahia no bicampeonato brasileiro de 1988 deu o braço à agulha. “É importante continuarmos a nos proteger, cuidem-se! Abraços”, escreveu nas redes sociais.
Temos três exemplos de encorajamento. Zagallo virou a “formiguinha” da Copa de 1958 tão somente porque fez muito bem a parte dele na inédita conquista. Pepe é chamado de “Canhão da Vila Belmiro” devido ao chute potente de perna esquerda. Evaristo ganhou alcunha de “Mestre” na arte de marcar gols. O único a balançar a rede cinco vezes com a camisa da Seleção.
Há mais em comum entre a “formiguinha”, o “canhão” e o “mestre” do que a idade apta para a imunização. Zagallo, Pepe e Evaristo aprenderam a jogar coletivamente contra adversários visíveis e invisíveis. Que este seja o maior recado a quem ainda teme a vacina.
Sr. Redator
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Calendário de vacinas
O GDF deveria fazer um plano de vacinação, um calendário de vacinação, para informar às pessoas quando elas serão imunizadas e protegidas contra a covid-19. É angustiante ir atrás de notícias todos os dias para saber quais pessoas estão sendo vacinadas e qual é a idade que terá direito a se vacinar. Chega a ser desumano. O secretário de Saúde poderia dar informações à população todos os dias. Essa é a obrigação dele. Mais transparência por favor.
Paulo Sérgio Campelo, Asa Norte
» Soube por um amigo médico que vários colegas de profissão dele que atendem nos consultórios do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) não foram vacinados porque, segundo o GDF, não estão na linha de frente contra a covid-19. Como assim? Esses profissionais, assim como enfermeiros e pessoal de limpeza e manutenção trabalham diariamente e convivem com pacientes que circulam nas cidades e, com certeza, alguns contaminados pela covid-19. Acho que a Secretaria de Saúde deveria rever sua posição e vacinar todos os profissionais do Hran. Afinal, o hospital da Asa Norte é a referência para pacientes com covid-19. Nada mais justo que sejam vacinados logo.
Amélia Fernandes, Asa Sul
» O depoimento do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no Senado, foi deprimente. Apesar da máscara de proteção na face, ele não conseguiu ocultar a sua baixa, ou nenhuma, intimidade com a saúde pública ou com a gestão de uma crise sanitária, que completa um ano. Revelou a sua incapacidade para estar no cargo que, praticamente, lhe foi imposto pelo capitão-mor, negacionista, que negligenciou a dimensão da pandemia, a famosa “gripezinha”, que está prestes a fazer 300 mil mortes no país. O ministro não tem domínio do sistema público de vacinação. Os militares que o cercam não têm qualificação para elaborar um plano nacional de vacinação, apesar de ter a expertise do Sistema Único de Saúde (SUS). Os senadores, raposas velhas e sagazes, apontaram as inverdades do ministro em relação à tragédia registrada em Manaus. Provavelmente, o Senado vai engavetar a CPI da pandemia. Foram regiamente cooptados para garantir a vitória do candidato do Palácio do Planalto e não serão 300 mil ou mais mortes que os levarão a romper o compensador acordo fechado com o inquilino do Planalto.
Euzébio Queiroz, Octogonal
» No ano passado, tivemos 43 mil assassinatos no Brasil. A covid-19 já matou 236 mil brasileiros e contaminou 9,7 milhões. A violência, que sempre nos preocupou, não chega nem perto do estrago feito por esse vírus. A maioria do povo ainda não se deu conta de que não se trata de uma “gripezinha”. Estamos no meio de uma pandemia e vários países estão tendo dificuldades de lidar com a superlotação dos hospitais. O governo de São Paulo vacinou apenas 1,3 milhão em 25 dias. Se o ritmo de vacinação continuar dessa forma, todos os brasileiros estarão imunizados em março de 2024. Os estoques de vacinas estão acabando nas principais capitais do país. Diante de tudo isso, as estradas estão lotadas no início deste fim de semana.
José Carlos Saraiva da Costa, Belo Horizonte (MG)
Obras
Embora algumas pessoas estejam sendo vacinadas, só se adquire imunidade de rebanho quando 70% da população de uma cidade estiver vacinada. Estamos em plena pandemia, e a prova maior desse argumento é a proibição de governos estaduais e municipais à realização de festas carnavalescas a fim de evitar aglomerações e contágios da covid 19. Ocorre que alguns condomínios residenciais insistem querer reformar seus prédios, mesmo ainda estando com elevado índice de infectados, na casa de 500 novos casos por dia. Deve-se orientar a fiscalização sanitária, e o DF Legal para permitir apenas as obras emergenciais e inadiáveis. As demais devem ser evitadas, por estarmos em grave crise sanitária. Espera-se uma ação rígida de fiscalização quanto às obras não emergenciais que estejam sendo realizadas em plena pandemia!
Simão Szklarowsky, Asa Sul
Alô, alô Detran
Já escrevi, aqui, sobre o Detran não implantar um quebra-mola entre o colégio Le Coc e as quadras da QL 11 e 13 do Lago Norte. Já foram feitos diversos abaixo-assinados e entregues ao Detran, mas, até hoje, nenhuma medida foi adotada. Parece haver má vontade ou alguém do Detran deve morar na região e não quer o quebra-molas por motivo pessoal.
Paula Maria Pereira, Setor de Mansões Lago Norte
Invasão
Quem do poder público dará solução para a invasão da região próxima ao depósito do Detran? A maior favela do Plano Piloto se estende por toda a altura da 911 Norte e avança mato adentro. A área de Serviço Social do GDF, o Ministério Público e a Câmara Legislativa fazem vista grossa. Até quando?
Carmen Lúcia, Lago Sul
Desabafo
Pode até não mudar a situação, mas altera sua disposição
PSDB renova mandato de seu presidente. Recado para quem se julga o dono do partido?
José Matias-Pereira — Park Way
Fiquem atentos, o Pix, o BBB e o BC são adereços para desviar da verdadeira intenção: empurrar a CPMF goela abaixo para satisfazer a alcateia do infeliz capitão.
Eriston Cartaxo — Setor Noroeste
Com a atual velocidade de cágado, toda a população brasileira estará completamente imunizada em ... 5 anos! Pressa? Pra que pressa?
Luis Baldez — Brasília
Pazuello perdeu o coturno e ganhou uma saia justa no encontro com senadores.
Joaquim Honório — Asa Sul