O gabinete da deputada federal Soraya Santos (PL-RJ) foi interditado, hoje, para desinfecção após suspeita de um caso de covid-19 de um assessor. Segundo a equipe da parlamentar, a limpeza foi solicitada assim que foi informada da suspeita.
A assessoria afirmou, no entanto, que o funcionário teria testado negativo. Após a limpeza, o gabinete voltou a funcionar normalmente, ainda de manhã. Segundo a Câmara, esse é um procedimento padrão realizado mediante agendamento, em todas as áreas políticas e administrativas. O trabalho foi concluído antes das 8h e o gabinete foi imediatamente reaberto.
Nos corredores do Congresso, a pandemia do novo coronavírus só é lembrada por causa das máscaras no rosto dos visitantes e pelos avisos que recomendam cautela. Mas, apesar do uso obrigatório, o item é ignorado por alguns frequentadores do Parlamento. O Correio esteve no Senado e da Câmara, nesta quarta-feira (24), e presenciou cenas de desrespeito às medidas de segurança.
Na entrada do Senado, pela manhã, dezenas de pessoas se aglomeravam para entrar. Nos corredores, visitantes retiravam a máscara para bater fotos segurando bandeiras de seus estados. Em um grupo de cinco pessoas, um dos presentes tossia sem máscara. Após as fotos, os homens colocaram as proteções e entraram no gabinete do senador Lucas Barreto (PSD-AP).
Procurada, a assessoria do parlamentar assegurou que, dentro do gabinete, todos são obrigados a utilizar máscara e que o senador não recebe mais de quatro pessoas ao mesmo tempo. Durante o tempo em que esteve no Congresso, o Correio avistou outros visitantes com tosse seca. Estes, no entanto, estavam com a proteção.
Fontes ouvidas sob condição de anonimato dizem que, na Câmara, há deputados trabalhando mesmo com sintomas, infectando seus funcionários. Uma delas conta que foi infectada por um parlamentar logo após a festa de comemoração da vitória do presidente Arthur Lira (PP-AL) para a Presidência da Casa, no início de fevereiro.
Ela afirma que, desde que a Câmara passou a restringir os espaços comuns de alimentação, os funcionários passaram a comer dentro dos gabinetes, retirando a máscara. A fonte afirma, ainda, que é contra a volta dos trabalhos presenciais e questiona a eficácia das medidas de proteção.
“Não adianta medir temperatura, muitas pessoas são assintomáticas. Eu mesmo não tive febre. Mas, apesar de testar positivo, não entrei na estatística da Câmara porque não enfrentei a burocracia para registrar o caso. As medidas de distanciamento não funcionam. Os deputados são autoridades, eles que mandam”, lamentou.
Defesa do trabalho presencial
O retorno de servidores foi defendido por Lira desde que assumiu, mas em uma eleição marcada, também, pelo desrespeito às normas sanitárias. No dia 1º de fevereiro, alguns parlamentares desrespeitaram as regras e circularam pelos corredores sem máscaras de proteção. Houve falta de distanciamento entre os deputados.
Desde então, vários casos de infecção por covid-19 foram registrados. Até o dia 10, segundo o Departamento Médico da Casa, foram contabilizados pelo menos 27 infecções pela covid-19 entre os funcionários. Servidores reclamam que têm sido orientados a comparecer presencialmente, mesmo alegando riscos de contaminação.
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