PANDEMIA

"Meu Exército não vai para a rua obrigar o povo a ficar em casa", diz Bolsonaro

Segundo o presidente, não há a menor possibilidade de ele decretar um lockdown nacional, como pregam vários governadores. "Alguns querem que eu decrete, não vou", afirmou em conversa com apoiadores na porta do Palácio da Alvorada nesta segunda-feira (8/3)

Correio Braziliense
postado em 08/03/2021 15:43
 (crédito: AFP / EVARISTO SA)
(crédito: AFP / EVARISTO SA)

A despeito de o número de casos e de mortes pela covid-19 estarem batendo recordes consecutivos, o presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar as novas medidas de isolamento social anunciadas por vários estados e municípios para conter a disseminação do novo coronavírus. “Parece que está voltando a onda de lockdown. Vamos ver até onde o Brasil aguenta esse estado de coisas”, disse.

Segundo ele, não há a menor possibilidade de ele decretar um lockdown nacional, como pregam vários governadores. “Alguns querem que eu decrete lockdown, não vou decretar e pode ter certeza de uma coisa: o meu Exército não vai para a rua obrigar o povo a ficar em casa”, afirmou Bolsonaro em conversa com apoiadores na porta do Palácio da Alvorada nesta segunda-feira (8/3). O presidente tenta marcar posição ante os governadores, que decidiram isolá-lo no debate em torno do que deve ser feito para evitar o colapso nacional do sistema de saúde.

As medidas restritivas estão sendo adotadas mesmo por prefeitos e governadores que se dizem aliados do presidente da República, como os de Rondônia, Amazonas e Santa Catarina. Mas os lockdows têm sido quase gerais e foram mais recentemente anunciados pelos governos do Distrito Federal, de São Paulo e do Pará. A ocupação dos leitos de UTIs nesses estados estão em quase 100%.

No entender de Bolsonaro, as medidas restritivas prejudicam a economia. Ele teme que uma nova recessão, com aumento do desemprego, custe a sua reeleição em 2022. Para os governadores, o presidente da República não tem nenhum apreço pela vida. Portanto, cabe aos chefes dos executivos regionais agirem para evitar o pior. A última semana, com mais 10 mil mortes, foi a mais letal desde o início da pandemia da covid-19 no país.

Bolsonaro se refere às críticas ao posicionamento dele em relação à crise sanitária como sendo “mimimi” e “frescura”. A média móvel diária de mortes pela covid-19 ficou em 1.497 nas últimas 24 horas, de acordo com o consórcio de veículos de imprensa. “Eu quero paz, tranquilidade, democracia, respeito às instituições, mas alguns estão se excedendo", afirmou o presidente a apoiadores. “O povo vai se conscientizar do que precisa ser feito. Na hora certa, tudo vai acontecer”.

Novo auxílio emergencial

Para mostrar que está fazendo a sua parte, Bolsonaro disse que seu governo é responsável pelo “maior programa social do mundo”, ao pagar o auxílio emergencial. Nesta segunda-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o "valor médio" do benefício será de R$ 250, com um mínimo de R$ 175 e um máximo de R$ 375. O presidente disse que não pode ser responsabilizado pelo que acontecer com a economia. “Não cobre de mim. Se eu fosse o dono de tudo aqui, seria o que chamam de ditador”, frisou.

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