Após pedido de vista do ministro Nunes Marques, a segunda turma do Supremo Tribunal Federal interrompeu, nesta terça-feira (9), o julgamento da suspeição do ex-juiz federal Sergio Moro no âmbito da Operação Lava-Jato. Marques alegou que precisa analisar os autos do processo antes de proferir seu voto.
O ministro, que assumiu o lugar de Celso de Mello em 2020, argumentou que, ao contrário dele, seus colegas da segunda turma já são "senhores no conteúdo do processo". Desta forma, não teriam dificuldades em proferir voto, mesmo em curto espaço de tempo.
"Então, senhor presidente, peço as devidas escusas a Vossas Excelências, mas preciso pedir vista para analisar o conteúdo desse processo", afirmou Marques.
"Juiz acusador"
Antes dele, Gilmar Mendes, que presidia a sessão, já havia apresentado seu voto contra Moro. Durante a leitura do seu posicionamento, Mendes o chamou, por diversas vezes, de "juiz acusador".
Ele também criticou o fato de que, no seu entender, quando da condução coercitiva do petista, em 2016, o juiz propiciou uma "exposição atentatória à dignidade e à presunção de inocência do investigado". Isso, detalhou, lhe deu "absoluta clareza" de que a imparcialidade de Moro seria maculada.
Na conclusão de seu voto, Gilmar Mendes afirmou ainda que a suspeição de Moro analisada pelo Supremo diz respeito especificamente a Lula, não sendo possível beneficiar outros réus da Lava-Jato.
"Ressalto que a suspeição do julgador se fundamenta em fatos concretos e específicos contra Luiz Inácio Lula da Silva, em razão de interesses políticos próprios do ex-juiz Sergio Moro. Assim, a suspeição declarada não é aqui estendida a outros processos ou réus da denominada Operação Lava Jato", disse.
Apesar do pedido de vista feito por Marques, Ricardo Lewandowski pediu para adiantar o voto. Nele, além de ser favorável à suspeição do ex-juiz, ele defendeu que Moro pague os custos processuais da ação penal.
A ministra Cármen Lúcia, por sua vez, afirmou que vai apresentar um novo voto. Em 2018, antes dos vazamentos dos diálogos da Vaza Jato, ela foi contra a suspeição de Moro.
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