Aquecida em plena pandemia, com a maior geração de empregos entre todos os setores em 2020, a construção civil sentiu o baque da elevação no número de mortes e de casos de covid-19 em 2021. Em fevereiro, o nível da atividade começou a desacelerar diante de um plano de vacinação lento, inflação persistente e aumento das incertezas, explicou a economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC), Ieda Vasconcelos, participante do Correio Talks: Desafios para o Brasil no Pós-Pandemia.
Segundo Ieda Vasconcelos, em 2020, a construção civil gerou 108,5 mil novos postos de trabalho, o melhor desempenho em oito anos do setor. A geração de empregos continuou em alta no início de 2021. Em janeiro, foram criadas 44 mil novas vagas. O bom desempenho do setor, conforme a economista, foi resultado da queda de juros, com a Selic atingindo o piso histórico em 2020, de 2% ao ano, o que elevou o número de unidades vendidas em 9,8% no ano passado em relação a 2019.
Porém a elevação da Selic em 0,75 pontos percentuais este mês, com a possibilidade de nova elevação em maio, e a alta nos preços dos insumos da construção civil podem atrapalhar o bom desempenho do setor. “Os insumos da construção tiveram alta de mais de 21%. Além disso, há desabastecimento. E esse é o maior desafio para 2021”, disse a economista da CBIC.
Por conta disso, o otimismo do empresariado da construção civil caiu em fevereiro em relação a janeiro, mas persiste. “Como 10% do crescimento nas vendas foram de apartamentos na planta, teremos atividades de construir unidades vendidas. Contudo, diante do baixo patamar de estoques de novas unidades disponíveis, precisamos incentivar os lançamentos para o setor continuar produzindo e gerando empregos”, detalhou Ieda Vasconcelos.
No quarto trimestre de 2020, o estoque estava em 165 mil unidades disponíveis ante mais de 187 mil no mesmo período de 2019, uma queda superior a 12%. “Por isso, nossa expectativa de crescimento, de 4% em 2021, deve ser revista para baixo em abril”, comentou.
Entretanto Ieda mantém a confiança. “O deficit de mais de 5 milhões de moradias, a expectativa de concessões e Parcerias Público Privadas (PPPs), além do novo marco do saneamento, são razões para manter o otimismo no longo prazo”, sustentou.
No pós-pandemia, o Brasil só não crescerá se não quiser criar condições para isso, assinalou a especialista. “Nossa economia é emergente, temos muito a construir. Mas precisamos das reformas para criar um cenários que possibilite confiança no futuro e demanda crescente”, defendeu. “Os empresários estão aptos a investir, porém o país precisa criar condições, com as reformas.”
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