Correio Talks

Solange Srour defende esforço para eliminar as incertezas

A economista-chefe do Credit Suisse explicou que a segunda onda da pandemia de covid-19 vai afetar o crescimento econômico neste primeiro semestre

Marina Barbosa
postado em 24/03/2021 06:00
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

O Brasil vai crescer menos do que outros países neste ano, devido ao descontrole da pandemia de covid-19. Porém, também precisa endereçar o risco fiscal caso não queira perder novamente a onda global de recuperação econômica no próximo ano. A avaliação é da economista-chefe do Credit Suisse, Solange Srour, que participou do Correio Talks: Desafios para o Brasil pós-pandemia, ontem.

“O cenário hoje para o Brasil é de uma recuperação muito aquém da de outros países”, alertou Solange Srour. Ela lembrou que o mercado projeta um crescimento de quase 7% para países como a China e os Estados Unidos, mas prevê um avanço de pouco mais de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano. Isto é, um crescimento menor que o carregamento estatístico de 3,6% deixado pela queda de 4,1% do PIB de 2020, que, segundo Solange, indica que “o Brasil, na verdade, decaiu em relação a dezembro do ano passado”.

A economista-chefe do Credit Suisse explicou que a segunda onda da pandemia de covid-19 vai afetar o crescimento econômico neste primeiro semestre. E destacou que, apesar de o mercado acreditar que o avanço da vacinação contra a covid-19 vai permitir uma retomada econômica no segundo semestre, o Brasil também precisa avançar no ajuste fiscal para garantir um crescimento sustentável nos próximos anos.

Segundo Solange, ainda há muitas incertezas sobre o rumo fiscal do país. Afinal, a segunda onda da pandemia de covid-19 vai aumentar a pressão por gastos públicos, e o mercado não vê como a dívida brasileira vai parar de subir no curto prazo, já que o ajuste emergencial proposto pela PEC Emergencial foi mais frouxo que o esperado, não há perspectiva de superavit fiscal no curto prazo e a alta dos juros, necessária para conter a inflação, vai encarecer ainda mais o custo da dívida.

Ela acredita, então, que o Brasil precisa indicar qual será a solução fiscal para esse impasse para reduzir as incertezas dos investidores e, assim, permitir a redução da taxa de câmbio, que hoje tem elevado a inflação e os juros brasileiros, e a retomada econômica. “Este é o grande nó no momento e vai determinar como vamos sair da crise e como será o desenvolvimento da economia no ano que vem”, declarou.

A economista-chefe do Credit Suisse pediu, então, que o país mantenha a responsabilidade fiscal, mesmo diante da necessidade de ampliar os gastos públicos por conta da pandemia de covid-19. E disse que isso é possível por meio de medidas que possam reduzir os gastos públicos, como a reforma administrativa.

“É preciso respirar fundo nesses meses, tentar manter a responsabilidade fiscal e resolver a crise sanitária, tornando o ano de 2022 menos turbulento do que é todo ano eleitoral, para que o Brasil não perca mais um ano de crescimento global forte por conta dos problemas domésticos”, concluiu.

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