CONGRESSO

Bia Kicis é alvo de representações no Conselho de Ética e ação no STF

Ações foram movidas após a deputada federal se manifestar por meio do Twitter sobre a morte do PM na Bahia; falas repercutiram como incitação à motim de policiais

Maíra Alves
postado em 30/03/2021 18:20 / atualizado em 30/03/2021 18:44
 (crédito: Michel Jesus/Camara dos Deputados)
(crédito: Michel Jesus/Camara dos Deputados)

A deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, é alvo de duas representações no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar ao incitar motim de policiais militares da Bahia por meio do Twitter.

As ações, que pedem a cassação do mandato da parlamentar e afastamento da CCJ, foram protocoladas pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSol), na segunda-feira (29/3), e por integrantes do Movimento Acredito, nesta terça (30/3). 

"A deputada federal Bia Kicis tem longo histórico de propagação de notícias falsas, teorias da conspiração, bem como uso de retórica virulenta contra a democracia", destaca a líder do PSol na Câmara, deputada Talíria Petrone, por meio de nota.

Além disso, o deputado federal Marcelo Freixo (PSol-RJ), também por meio das redes sociais, informou que acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para que o caso seja incluído no inquérito dos atos antidemocráticos, sob responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes.

Procurada pelo Correio, a assessoria da deputada Bia Kicis não quis se manifestar sobre as ações. 

O que aconteceu

Na madrugada desta segunda-feira, a representante usou o Twitter para comentar sobre a morte, no domingo (28/3), do soldado da Polícia Militar da Bahia que foi atingido por colegas policiais. Na ocasião, Bia Kicis declarou que o militar era um "herói" e "morreu porque se recusou a prender trabalhadores". As falas da deputada geraram críticas de autoridades políticas, juristas e membros da sociedade civil.

Wesley Soares, de 38 anos, estava com o rosto pintado, arremessando objetos ao mar e efetuando tiros de fuzil para o alto, em um suposto surto, segundo a polícia. Ele chegou a disparar contra outros militares que conduziam a negociação de rendição. Após ser baleado, o soldado recebeu socorro, mas não resistiu aos ferimentos.

Na postagem inicial, que posteriormente foi deletada, a deputada escreveu: "Soldado da PM da Bahia abatido por seus companheiros. Morreu porque se recusou a prender trabalhadores. Disse não às ordens ilegais do governador Rui Costa da Bahia. Esse soldado é um herói. Agora a PM da Bahia arou. Chega de cumprir ordem ilegal!". Após repercussão, Bia Kicis defendeu que o episódio seja investigado.


Outras Críticas

Em uma publicação, a deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP) afirmou que “incitar motins é atentar contra a Constituição. É um escárnio que uma deputada eleita democraticamente faça isso”.

O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), e ex-presidente da Câmara, chamou a parlamentar de “desequilibrada” e completou: “como já disse: viramos um hospício”.

 

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