COVID-19

Bolsonaro sobre spray de Israel: 'Parece até que é um produto milagroso'

O presidente afirmou que uma comitiva do governo com 10 pessoas viajará para Israel no sábado. A intenção, segundo o chefe do Executivo é que a terceira fase da medicação seja testada no Brasil

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta terça-feira (02/03), que uma comitiva do governo com 10 pessoas, chefiada pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, viajará no sábado (6/03) a Israel para negociar a possível vinda do spray EXO-CD24. Segundo Bolsonaro, o dispositivo poderá auxiliar no combate à covid-19. A droga não possui eficácia comprovada contra o vírus. A intenção, segundo o chefe do Executivo é que a terceira fase da medicação seja testada no país. A declaração foi feita a apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada.

“Nossa equipe, no total são 10 pessoas que decolam sábado à noite para Israel. Todas as tratativas foram feitas, acordos, memorandos. O pessoal nosso que vai sendo chefiado pelo nosso ministro Ernesto Araújo, vai ter encontro com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, vai para um hospital, vai num laboratório e qual a nossa intenção? Está tudo acertado para isso, não quer dizer que vai acontecer, mas está tudo acertado. O pessoal virá para cá, dar entrada na documentação da Anvisa para que a fase 3 venha a ser feita de forma experimental no Brasil”, apontou.

Segundo o presidente, o spray deverá ser utilizado em pacientes hospitalizados ou em tratamento na UTI e disse “achar que não há problema nenhum usar isso no nariz do cara”. Bolsonaro reconheceu ignorar a composição do produto e emendou que o mesmo foi utilizado em um universo de 30 pessoas. Ele comparou o EXO-CD24 a um “produto milagroso”.

“E como é para ser usada? Em quem está hospitalizado, quem está em UTI, eu acho que não tem problema nenhum usar esse spray no nariz do cara. O que é esse spray? Não sei. Mas o que acontece. Esse produto há 10 anos estava sendo estudado para outro tipo de vírus. E usou-se lá em 30 e em 29 deu certo em poucos dias. O último demorou um pouco mais, mas também se curou. Então parece até que é um produto milagroso, parece. Mas nós vamos atrás disso”, completou.

"É outro IDH"

O mandatário disse que vê no spray uma possibilidade de tratamento, apesar da ausência de estudos mais aprofundados e em maior número de pacientes. "Onde tiver possibilidade de nós salvarmos vidas, nós não deixaremos passar essa oportunidade. Como eu sempre disse, uma vez aprovado pela Anvisa, nós compramos a vacina. O Brasil, se não me engano, é o sexto país que mais vacina. Devemos receber no mínimo 22 milhões de vacinas neste mês de março”, estimou Bolsonaro.

O presidente voltou a citar a vacinação em Israel, comparando com o número de habitantes do Brasil.

“Alguns querem nos comparar com Israel. Lá são 9 milhões de habitantes, poder aquisitivo enorme, outro IDH. Outra educação, não é essa que a gente tem aqui, né”. Por fim, Bolsonaro disse que a nova geração será pior em relação à cultura por conta da pandemia.

“Infelizmente, parece que os nossos filhos vão ser piores do que nós no tocante à cultura, parece. Só Deus sabe o que vai acontecer quando acabar a pandemia, essa garotada aí que ficou um ano sem ir na sala de aula. Não basta apenas ter os meios, não. Não basta o pai apenas ter uma escola particular se o filho em casa não estudou. A minha estuda direto aqui. Tenho meio? Tenho sim. Graças a Deus, tenho meios. Mas se não tivesse meios, se fosse apenas um capitão do exército da reserva, também faria isso por ela”, emendou, referindo-se à filha Laura.

No dia 1º, Bolsonaro disse que um paciente hospitalizado ou mesmo intubado "não tem o que perder" ao aderir ao spray.