COVID-19

Apesar de sistemas em colapso, Bolsonaro diz que "não tem faltado leitos de UTI"

Segundo dados do último boletim do Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Amapá e Mato Grosso do Sul estão com 100% de ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva

Sarah Teófilo
Bruna Lima
postado em 01/04/2021 21:08 / atualizado em 01/04/2021 21:18
 (crédito: Reprodução/Facebook)
(crédito: Reprodução/Facebook)

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (1º/4) que não tem informações sobre falta de leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) no país, apesar de haver registro de colapso em diversos estados. A informação foi dita pelo mandatário durante transmissão ao vivo semanal, pelo Facebook.

“Meu governo federal continua liberando recursos para leitos de UTIs. Em havendo necessidade, os secretários de Saúde dos estados entram em contato com o Ministério da Saúde e o recurso é liberado. As informações que estamos tendo pelo Brasil todo é que não tem faltado leito de UTI. Chega 95%, 90%, mas não tem faltado leitos de UTIs. Se tiver faltando, está faltando planejamento por parte dos interessados, porque o governo não mede esforços para liberar recursos para leito de UTI”, afirmou.

No entanto, pelos dados do último boletim do Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado na quarta-feira (31/3), Amapá e Mato Grosso do Sul estão com 100% de ocupação dos leitos para atender pacientes graves da doença. Na sequência, vem Santa Catarina, com 99%, Rondônia (98%), seguidos pelo Acre, Tocantins, Pernambuco, Mato Grosso e DF, os quatro com 97%. Acima dos 90% também estão Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás.

Apenas Amazonas e Roraima estão na zona de alerta intermediário de leitos de UTI para tratar pacientes com a doença, com ocupação de 76% e 62%, respectivamente. Todos os demais estados e o Distrito Federal permanecem em níveis críticos, com taxas de ocupação superiores a 80%.

Fila para UTI

O pesquisador Diego Ricardo Xavier, do Observatório de Clima e Saúde (LIS)/Icic, explica que, apesar de serem indicadores importantes para avaliar o momento pandêmico, não é somente a taxa de ocupação que indica um colapso. "Se há pessoas na fila, aguardando por UTI, e essa espera não é apenas enquanto se estabiliza um paciente ou se faz o registro do pedido, então há colapso", disse.

O último levantamento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), de quinta-feira passada (25/3), indicava que mais de 6,3 mil pessoas aguardavam uma vaga de UTI em todo o país, não havendo possibilidade de adotar estratégias de transferência de pacientes para outros estados, visto que, atualmente, há uma sincronia na gravidade da doença. Em uma semana que bateu, por três dias consecutivos, mais de 3 mil mortes por dia e sem observar uma melhora nas taxas de ocupação, as esperas continuam em altos patamares.

Em Santa Catarina, por exemplo, a Secretaria de Saúde já divulgou protocolo para auxiliar os médicos a decidirem para quem vai uma vaga no leito de terapia intensiva, seguindo as recomendações da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB). O documento foi elaborado em abril do ano passado, prevendo que "decisões em relação a quais pacientes serão alocados os recursos escassos tornar-se-ão inevitáveis". A priorização é para os pacientes com melhores chances de se beneficiar com uma UTI e com maiores expectativas de sobrevida.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação