O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) criticou a falta de investimento em infraestrutura científica, “no passado”. “Se as pessoas reclamam da falta de vacina e medicamentos é porque não investiram corretamente em ciência e tecnologia”, afirmou, em entrevista ao CB.Poder, parceria entre o Correio e a TV Brasília. Ele disse que esteve com o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, e com o sindicato das indústrias de produção de imunizante animal, para negociar a produção de insumos para a vacinação contra a covid-19.
O parlamentar também comentou sobre a CPI da Covid e a respeito do impasse na liberação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
Há maioria de senadores independentes e de oposição na composição da CPI da Covid. Pode ser uma desvantagem para o governo nas investigações?
É importante investigar os fatos de maneira racional. Há membros que fazem isso. Há outros senadores que não apuram com a razão. Deve-se fazer o que é certo: apurar as irregularidades.
Com a CPI, que também vai analisar ações de estados e municípios durante a pandemia, as investigações começam pelo nível federal? Como será a ordem das apurações?
Independentemente de ter adicionado estados e municípios, é natural que, baseado no histórico de outras CPIs, os recursos federais, transferidos da União para estados, sejam analisados primeiro.
Como o senhor avalia as críticas do presidente Jair Bolsonaro em relação ao isolamento social e ao discurso de que “ele está esperando um sinal do povo”?
Lamento a falta de integração de estados e municípios com o governo federal. Normalmente, o Brasil é governado pelo improviso. Nunca teve planejamento nem saúde preventiva. Lógico que o presidente tem razão sobre o prejuízo econômico daquelas pessoas desempregadas. Mas é preciso preservar primeiro a vida. Muitas distorções ocorreram em relação à abertura de comércios. Então, houve falta de foco e planejamento, como do cronograma de vacinação, que, inclusive, faltam insumos para produzi-la.
Vocês estiveram na Embaixada da China para discutir a produção de imunizantes. O Brasil vai receber mais insumos ou vai atrasar?
Esse é outro problema. Caso houvesse mais investimentos na infraestrutura científica no passado, o que, infelizmente, não ocorreu, hoje o país teria condições de produzir vacina. Agora, estamos correndo atrás disso. Estivemos com o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, e com o sindicato das indústrias de produção de vacina animal. Nesse sentido, destaco que o Brasil é o maior exportador de carne do mundo. Então, as vacinas, a exemplo do imunizante contra a febre aftosa, são supercontroladas e com boa estrutura tecnológica, o que possibilita utilizar esse suporte para fazer o imunizante contra o coronavírus. Recebemos a informação que estariam dispostos e em condições de produzir os insumos para a vacina. No entanto é preciso fazer adaptações nas máquinas, mas leva-se muito tempo. O que está sendo ajustado, agora, é a possibilidade de agilizar esse processo. Isso se concretizando, a produção de insumos ocorreria na faixa de 90 dias, com a liberação de até 500 milhões de imunizantes, que é a condição viável para a Butantan.
Como está o andamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT)?
Nós conseguimos impedir o governo de utilizar o recurso em outras áreas, como pagamentos de dívidas. No ano passado, o Congresso aprovou a proposta do fundo, o Planalto vetou, o Congresso derrubou e, por fim, ajustou no Orçamento. Agora, o recurso passa a ser financeiro, gerando investimento. Assim, a quantia permanece no fundo para aplicações na ciência e tecnologia. Foi um grande avanço. Se as pessoas reclamam da falta de vacina e medicamentos é porque não investiram corretamente em ciência e tecnologia.
*Estagiário sob a supervisão de Cida Barbosa
João Vitor Tavares*
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