Após a dança das cadeiras que culminou com a chegada de Anderson Torres ao comando do Ministério da Justiça, o clima na Polícia Federal é de preocupação e decepção. Isso porque, com a mudança na pasta, houve a troca do diretor-geral da corporação — saiu Rolando de Souza e entrou Paulo Maiurino. O novo chefe começou a escolher sua equipe, mas as alterações não ocorreram apenas na cúpula da instituição, como diretorias e coordenações, mas, também, nas superintendências.
Nesta semana, houve mudanças de cinco superintendentes: em São Paulo, Santa Catarina, Roraima, na Bahia e no Amazonas. No caso desse último, o então ocupante do cargo, o delegado Alexandre Saraiva, não foi sequer avisado com antecedência sobre sua saída. A exoneração ocorreu após ele enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma notícia-crime contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na qual acusa o titular da pasta de “organização criminosa” e de tentar “obstar investigação” sobre crime ambiental. De acordo com informações obtidas pelo Correio, além da exoneração, o governo pressiona para que Saraiva seja afastado do inquérito contra o ministro.
A tensão entre os agentes deve-se às mudanças constantes no comando da corporação, que interrompem projetos e deixam vários em suspenso. No ano passado, com a entrada de Rolando de Souza, em meio à saída do ex-ministro da Justiça Sergio Moro — que acusava o presidente Jair Bolsonaro de interferência política na PF —, houve mudança em seis superintendências, incluindo a do Rio de Janeiro, área de interesse do chefe do Planalto.
Presidente da Associação Nacional dos Escrivães de Polícia Federal (Anepf) e diretor jurídico da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Flávio Werneck afirmou que as trocas são constantes no governo Bolsonaro e que também eram muito comuns com o então presidente Michel Temer. “Quando você muda muito, as pessoas têm outras prioridades e isso acaba afetando diretamente o bom andamento da gestão, seja ela qual for. Isso é um problema, que você fica fatiando as administrações. Fora isso, as remoções geram custo”.
O presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Edvandir Paiva, defendeu que o diretor-geral da PF tenha mandato, o que evita substituição a qualquer tempo. “Para resolver essas trocas, só com a criação de mandato para diretor-geral, e autonomia da PF”, disse. “Não é de hoje que falamos isso e a equipe que está entrando agora não sabe até quando fica. É muito difícil executar o planejamento com essas trocas, que causam descontinuidade de muitas ideias.”
As mudanças
» Superintendências
Santa Catarina
Sai: Ricardo Cubas Cesar
Entra: Luiz Carlos Korff Rosa Filho
Roraima
Sai: Richard Murad Macedo
Entra: José Roberto Peres
Amazonas
Sai: Alexandre Silva Saraiva
Entra: Leandro Almada da Costa
São Paulo
Sai: Dennis Cali
Entra: Rodrigo Piovesano Bartolamei
Bahia
Sai: Daniel Justo Madruga
Entra: Virgínia Vieira Palharini
» Diretorias
Diretoria Executiva (Direx)
Sai: Carlos Henrique Oliveira de Sousa
Entra: Cairo Costa Duarte
Diretoria de Investigação e
Combate ao Crime Organizado (Dicor)
Sai: Cézar Luiz Busto de Souza
Entra: Luís Flávio Zampronha
Diretoria de Inteligência Policial (DIP)
Sai: Alexandre da Silveira Isbarrola
Entra: Rodrigo Carneiro Gomes
Diretoria Técnico-Científica (Ditec)
Sai: Alan de Oliveira Lopes
Entra: Nivaldo Poncio
Diretoria de Gestão de Pessoal (DGP)
Sai: Cecília Silva Franco
Entra: Oswaldo Paiva Gomide
Diretoria de Tecnologia da Informação e Inovação (DTI)
Sai: William Marcel Murad
Entra: Alessandro Moretti
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