CB.Poder

"Governo foi incompetente"

Vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos diz que o Executivo conduziu mal a pandemia, não por dolo, mas, sim, por incapacidade. Na opinião dele, a CPI deve mirar em protocolos para salvar vidas, ficando em segundo plano a apuração de responsabilidades

Pedro Ícaro*
postado em 20/04/2021 22:55
 (crédito: Vivien Doherty Luduvice/TV Brasília)
(crédito: Vivien Doherty Luduvice/TV Brasília)

Para o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), o objetivo da CPI da Covid — a ser instalada no dia 27, no Senado — não é emparedar nem constranger ninguém, mas, sim, definir um protocolo que salve vidas. Apurar responsabilidade, segundo defendeu, deve estar em segundo plano para não causar mais instabilidade institucional.

O deputado está confiante em relação ao nome indicado para presidir a comissão, o senador Omar Aziz (PSD-AM). Na opinião dele, o parlamentar será bastante responsável e cuidadoso no direcionamento do colegiado, responsabilizando quem merecer, sem aliviar para ninguém, mesmo que seja o presidente Jair Bolsonaro. Mas ele não vê espaço para impeachment.

“No Brasil, não se cassa mandato e não se pune por má gestão, é preciso crime, ou seja, crime pressupõe dolo. Eu, por exemplo, acho que o governo federal conduziu muito mal a pandemia, o enfrentamento da crise sanitária, mas não conduziu por desejo de matar. Foi incompetente na gestão da pandemia”, enfatizou, em entrevista à jornalista Denise Rothenburg, no programa CB.Poder, parceria entre o Correio e a TV Brasília.

Entre os focos da CPI está a crise da falta de oxigênio nos hospitais de Manaus — cidade natal de Ramos —, que vitimou dezenas de pessoas em janeiro. Segundo o deputado, a escassez do produto ocorreu por um conjunto de irresponsabilidades.

“Não dá para negar a gravidade do nível de incompetência da gestão do ex-ministro (da Saúde) Eduardo Pazuello, que foi um desastre para o Brasil e para o Amazonas. O então ministro, dois dias antes de estourar a crise no oxigênio, esteve no Amazonas em uma mobilização por protocolo preventivo por cloroquina, por ivermectina. Voltou e não falou nada do risco de desabastecimento de oxigênio, e dois dias depois da estada dele lá, o Amazonas virou um caos”, disparou. “O momento, para mim, é menos de encontrar culpados e mais de garantir que todos os brasileiros respirem, que todos os brasileiros tenham kit intubação, oxigênio, leito de UTI, se precisar, e, acima de tudo, tenham vacina.”

Ramos também comentou sobre o impasse relacionado ao Orçamento 2021, à espera da sanção de Bolsonaro. Segundo Flávia Arruda, ministra da Secretaria de Governo, a peça orçamentária pode ter vetos, e os cortes devem ser na casa dos R$ 10, 5 bilhões nas emendas incluída pelo relator, Marcio Bittar (MDB-AC).

“Pós-aprovação do Orçamento, ficaram alguns problemas, porque o relator optou por incluir duas despesas que não estavam acordadas: R$ 6 bilhões destinados a emendas de senadores, e R$ 7,5 bilhões para investimentos do Poder Executivo, ou seja, como se fosse uma emenda para o presidente da República. E para tirar essa folga fiscal, ele (Bittar) anulou despesas obrigatórias”, explicou.

*Estagiário sob a supervisão de Cida Barbosa

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