A decisão do governo de cancelar o Censo deste ano não se baseia apenas em problemas orçamentários. Há motivos políticos, estrategicamente definidos: não dar munição para os adversários do presidente Jair Bolsonaro. O governo tem certeza de que houve empobrecimento da população; redução de renda da classe média, dado o aumento do desemprego, e o descontrole da pandemia no país. Uma coisa é falar a respeito, com base em levantamentos setoriais; outra coisa é ter em mãos os dados do Censo do IBGE, sempre utilizados em infinitas análises.
A previsão do IBGE era apresentar os dados preliminares em dezembro deste ano, o que daria tempo de cada partido avaliar de forma mais detalhada os resultados e suas conclusões e, inclusive, visitar os locais onde a situação fosse mais grave. Os dados finais e totais deveriam ser conhecidos a partir do segundo semestre de 2022, em plena campanha eleitoral, e seguiriam em detalhamento até 2024. Agora, com o Censo ficando para 2022, os dados serão conhecidos apenas no final do ano que vem, depois da eleição. Assim, Bolsonaro poderá dizer o que quiser, sem que a oposição possa recorrer ao Censo do respeitabilíssimo IBGE para contrapor as declarações.
Ganho no grito
Quem transitou pelo Planalto esta semana ouviu uma voz conhecida, se virou e... reconheceu: era o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Referindo-se ao ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, com palavras de baixo calão, ele pedia que sua nomeação fosse assinada logo. E não é que a transferência para a Secretaria-Geral do Exército saiu prontamente?
A razão da demora
Com a nomeação de Pazuello, o Exército terá na sua “cozinha” um general respondendo por vacinas na CPI da Covid. A ideia, porém, é levar o ex-ministro para despachar no Palácio do Planalto, prestigiá-lo, de forma que o presidente tenha por perto quem pode terminar virando uma “ponta solta”, especialmente depois da entrevista do ex-assessor Fábio Wajngarten à Veja, na qual ele preserva o presidente e ataca a gestão da Saúde em relação
aos imunizantes.
Separa que é briga
O presidente Jair Bolsonaro pode até levar Eduardo Pazuello para o Planalto, mas a ideia, segundo aliados do governo, é deixar o ministro longe do Gabinete Civil, onde serve o ministro Luiz Eduardo Ramos, um dos mais próximos do presidente. Ramos e Pazuello, há algum tempo, não são os
melhores amigos.
Por falar em briga…
Paulo Guedes ganhou a batalha da sanção do Orçamento diante de cortes de verbas e bloqueios que somam R$ 28 bilhões. Porém a guerra continuará firme, porque os parlamentares vão pressionar pela liberação dos recursos contingenciados e terão o apoio dos ministros interessados em apresentar obras e serviços ao eleitor. Bolsonaro, no entanto, tende a seguir as orientações de Guedes. Não quer saber nem de longe de shutdown, jargão usado para paralisação do governo por falta de recursos orçamentários para cumprimento de obrigações.
E eu?/ Quem tem telefonado para o Planalto para saber de nomeações de segundo escalão é o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto (foto).
Enfermeiros na linha de frente.../
O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) continua mobilizado para acelerar a aprovação do projeto de lei que cria o piso salarial da profissão. A entidade conta com apoio cada vez maior dos parlamentares, sensibilizados com a luta dos profissionais atuando no enfrentamento à pandemia.
… e à espera/ De autoria do senador Fabiano Contarato (Rede-ES), o projeto obteve parecer favorável da relatora, senadora Zenaide Maia (Pros RN), mas ainda não tem data para votação. O Cofen pediu urgência ao presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, com o alerta de que a proposta pode melhorar a vida dos mais de 2,4 milhões de profissionais de enfermagem que atuam na linha de frente do combate à covid-19 no país.
Vale lembrar/ O Brasil é um dos líderes de registros de mortes dos profissionais de enfermagem por
covid-19. Os dados registrados no site www.observatoriodaenfermagem.
confen.gov.br registrava 776 óbitos de março de 2020 a abril de 2021.
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