
Ignorando as recomendações sanitárias contra o novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro provocou aglomeração ao visitar Ceilândia e Sol Nascente, regiões administrativas do Distrito Federal, na manhã de ontem. Sem máscara, posou para fotos e vídeos, entrou nas casas de alguns moradores e ainda visitou a Feira de Ceilândia, cidade que tem os maiores números de mortos e infectados por covid-19 no DF.
O compromisso não constava na agenda oficial de Bolsonaro. Ele estava acompanhado da ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda. Nas redes sociais, ela postou algumas imagens do passeio. Depois da visita às cidades, o presidente almoçou com a ministra e o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda.
O novo episódio de desrespeito de Bolsonaro às medidas de prevenção à covid-19 ocorreu um dia após ele ameaçar acionar as Forças Armadas para proibir que estados e municípios adotem políticas de isolamento social como forma de evitar a proliferação da pandemia.
Crítico aos governadores e prefeitos que recomendaram distanciamento físico e fecharam o comércio na tentativa de frear as curvas de contágio e de mortes pela doença, Bolsonaro disse, na sexta-feira, que já tem “um plano de como entrar em campo” com Exército, Marinha e Aeronáutica para impedir qualquer tipo de medida de restrição.
“E eu tenho falado: eu sou o chefe supremo das Forças Armadas. O nosso Exército, as nossas Forças Armadas, se precisar, iremos para as ruas, não para manter o povo dentro de casa, mas para restabelecer todo o artigo 5º da Constituição. E se eu decretar isso, vai ser cumprido esse decreto”, afirmou, em entrevista à TV A Crítica.
Apesar do esforço de governadores e prefeitos para tentar preservar vidas com as medidas sanitárias, Bolsonaro classificou essa política como “covardia” e “absurdo”. Na visão do presidente, o Brasil pode entrar em um caos social caso as medidas sanitárias sigam em vigor, e, por isso, as Forças Armadas podem atuar para evitar isso.
Críticas
O posicionamento de Bolsonaro incomodou governadores, que reagiram às ameaças do presidente. “A postura demonstra mais uma vez o quanto Bolsonaro tem devoção pelo autoritarismo e alergia à democracia. Ele selou um pacto com a morte, que só não é maior no Brasil por conta da ação de governadores e prefeitos”, disse o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
“Bolsonaro insiste em afrontar o Supremo, que já decidiu que as três esferas de governo podem e devem atuar contra o coronavírus. E também reitera essa absurda ameaça de intervenção militar contra os estados, que não existe na Constituição. Ele deveria se dedicar mais ao trabalho e abandonar essas insanidades”, acrescentou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), em uma rede social.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.