PANDEMIA

Crítico do isolamento, Flávio Bolsonaro reclama que CPI pode causar aglomerações

Senador sempre se colocou contra as medidas de distanciamento social como forma de prevenção à covid-19, mas mudou opinião para questionar a instalação da CPI

Augusto Fernandes
postado em 27/04/2021 13:20 / atualizado em 27/04/2021 13:26
 (crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
(crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), que sempre criticou a política de isolamento social como uma medida de evitar a proliferação do novo coronavírus, se colocou a favor do distanciamento físico para questionar a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar a atuação do governo federal diante da pandemia da covid-19 e o envio de verbas federais para estados e municípios.

Durante a sessão desta terça-feira (27/4) que marcou o início dos trabalhos do colegiado, o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro ponderou que a instalação da CPI não deveria acontecer neste momento e disse que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), errou em autorizar o funcionamento da comissão porque muitas reuniões devem acontecer de maneira presencial, o que colocará em risco os integrantes dela.

"O presidente Rodrigo Pacheco está errando, está sendo irresponsável, porque está assumindo a possibilidade de, durante os trabalhos dessa CPI, acontecerem mortes de senadores, mortes de assessores, mortes de funcionários aqui desta Casa, em função da covid, porque, em algum momento, as audiências, as reuniões vão ter que ser presenciais, no momento em que nem todos estão vacinados", opinou Flávio.

Para o senador, a CPI deveria funcionar apenas com todos os senadores imunizados contra a covid-19 e "com segurança e responsabilidade". Ele ainda criticou a "insistência" em se instaurar a CPI por agora, "atropelando todos os protocolos, ignorando a questão sanitária". 

"O governo é a favor de se investigar. Vai ser importantíssimo passar a limpo tudo o que está acontecendo no Brasil, mas não agora, até porque é o seguinte: essa CPI pode acabar, e a pandemia ainda não ter acabado. Aí fazemos o quê? Abrimos outra CPI depois, para investigar o que ficou de fora? Para que o açodamento?", acrescentou.

"Não adianta"

Desde o início da pandemia, contudo, o senador manteve uma postura contrária ao isolamento social. Nas redes sociais, por diversas vezes, Flávio já defendeu que essa medida não surte efeito algum para a pandemia. "O isolamento não adianta de nada e já sabemos o resultado!", escreveu o parlamentar, em fevereiro.

Além disso, neste mês, ele republicou uma mensagem feita pelo irmão Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro pelo Republicanos, reclamando que o isolamento social tem contribuído para enfraquecer a economia do Brasil.

“Fique em casa, a economia a gente vê depois”... o depois chegou! Sem respeitar a razoabilidade necessária para enfrentar os problemas, surgiram as posturas ditatoriais, esculhambação da Carta Magna, lockdown, desemprego, miséria, fome. Multiplicaram o problema! Tem método!", escreveu Carlos.

Flávio também compartilhou uma publicação feita pelo governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro. "Deixe de ser covarde e pare de fazer politicagem com a dor das famílias que perderam seus entes para a pandemia. Vá trabalhar, saia da internet e faça alguma coisa de útil pelo seu estado. Bom domingo de paz!", postou Castro.

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