Reforma administrativa

Presidente do Sindilegis chama reforma administrativa de "PEC Brumadinho"

Para Alison Souza, reforma pode prejudicar seriamente qualidade do serviço público e colocar vidas em risco. A proposta, na availiação dele, serve para colocar apadrinhados políticos dentro da máquina pública

Israel Medeiros
postado em 30/04/2021 11:26 / atualizado em 30/04/2021 11:26
 (crédito: Divulgação - Sindilegis)
(crédito: Divulgação - Sindilegis)

O presidente do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União (Sindilegis), Alison Martins de Souza, chamou a proposta da reforma administrativa (PEC 32/19) de "PEC Brumadinho", referindo-se à maior tragédia ambiental da história do país. A fala ocorreu na manhã desta sexta-feira (30/4), em uma audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), na Câmara dos Deputados.

Ele usou a tragédia para argumentar sobre os riscos de se fazer uma reforma na máquina pública que permita à iniciativa privada atuar em áreas que deveriam ser atribuição apenas de servidores, como a fiscalização. "A CPI da Câmara constatou que a mesma empresa atuou como consultora, projetista e auditora de segurança da sua própria barragem", ressaltou.

Alison, então, criticou o argumento do governo federal de que a reforma pode gerar uma economia de R$ 300 bilhões. "Esse é o custo. Então esses R$ 300 bilhões que economizarmos vão ser pagos em vidas, em qualidade de vida da população, em desastres ambientais, como acabamos de ver, um dos maiores incêndios florestais da nossa história. E a gente viu porque aconteceu. Porque a gente está em busca de economia, né? O que importa é a planilha do Ministério da Economia, certo?", questionou.

Ele também atacou a ideia de que investidores estrangeiros fogem do país por causa do alto custo da folha de pagamento de servidores. Para ele, o problema real está na gestão, e não nos funcionários públicos."Não é o servidor público que afasta o investidor do país, é o desastre da interferência política no serviço público brasileiro", disse, ao argumentar que a interferência tem causado danos graves à sociedade no combate à pandemia.

"Nós estamos vendo o que a interferência política está causando no combate à pandemia. E eu não estou falando só do governo federal, mas de todos. Não há servidor público que dê conta, por mais estável ou concursado que seja, de práticas como superfaturamento em obras públicas, em licitações", afirmou.

E continuou, ao dizer que, em meio a esse contexto, o objetivo do governo com a reforma administrativa é arrumar uma forma de colocar mais apadrinhados políticos dentro da máquina pública.

"Vimos o que está acontecendo, o dinheiro roubado do povo por meio da ajuda do combate à pandemia. Já são mais de 400 mil brasileiros mortos. Quantas vidas poderíamos ter poupado? E, enquanto nós estamos vivendo esse drama, o Congresso Nacional Brasileiro está tratando de como ele vai colocar mais apadrinhados para dentro do serviço público", criticou.

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