CPI

Sessão da CPI da Covid para ouvir Mandetta é marcada por gafe e bate-boca

Um dos momentos mais tensos da reunião ocorreu quando o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), criticou o comportamento dos governistas que são titulares da comissão

Jorge Vasconcellos
postado em 05/05/2021 06:00
O senador governista Ciro Nogueira fez a Mandetta a mesma pergunta enviada ao ex-ministro pelo chefe da Comunicação do Executivo -  (crédito: Edilson Rodrigues/Agencia Senado)
O senador governista Ciro Nogueira fez a Mandetta a mesma pergunta enviada ao ex-ministro pelo chefe da Comunicação do Executivo - (crédito: Edilson Rodrigues/Agencia Senado)

A reunião da CPI da Covid que tomou o depoimento do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) teve bate-boca entre senadores, gafe do ministro das Comunicações, Fabio Faria (PSD), e até um mea-culpa do relator, Renan Calheiros (MDB-AL), que se envolveu em embates com aliados do governo nos últimos dias.

Um dos momentos mais tensos da reunião ocorreu quando o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), criticou o comportamento dos governistas que são titulares da comissão. Minoria no colegiado, esse grupo é formado pelos senadores Eduardo Girão (Podemos-CE), Ciro Nogueira (PP-PI), Marcos Rogério (DEM-RO) e Jorginho Mello (PL-SC). Randolfe se irritou depois que eles pressionaram para que o plano de trabalho da CPI, apresentado pelo relator, fosse à votação.

“Vamos trabalhar, tenha calma, o Palácio do Planalto está tranquilo, não precisa você ficar desesperado em nome deles não”, disse Randolfe, com ironia, a Ciro Nogueira, que rebateu: “Eu não estou desesperado, quem está desesperado é o senhor, que quer encobrir os desvios dos governadores”.

O vice-presidente da comissão, após frisar que é opositor do governador do Amapá, também debochou do fato de que pelo menos 11 requerimentos apresentados pela tropa de choque do governo na CPI terem sido elaborados dentro do Palácio do Planalto. Segundo o jornal O Globo, a assinatura da assessora especial da Secretaria de Assuntos Parlamentares da Secretaria de Governo, Thaís Amaral Moura, aparece nos metadados dos requerimentos que pedem a convocação de especialistas alinhados a Bolsonaro.

“Eu sei que você (Ciro Nogueira) está com a assessoria direta da doutora Thaís, lá do Palácio do Planalto. A doutora Thaís está lhe assessorando diretamente, está fazendo os seus requerimentos, a sua orientação está vindo de lá. Mas tenha calma, porque essa CPI vai investigar, ela vai construir o seu trabalho”, disse Randolfe. Ele acusou os governistas de fazerem várias tentativas para afastar Renan Calheiros do colegiado, pois “vão para o Supremo Tribunal Federal para obstruir toda vez, parece que é alguma coisa pessoal contra o relator, parece uma paixão pelo relator”.

Renan Calheiros tomou a palavra para dizer que, a partir daquele momento, não mais embarcaria em provocações. “Nós estamos tendo algumas dificuldades, hoje (ontem), novamente, verificadas aqui, com enfrentamentos, tensões. Eu estou dizendo isto para, em meu nome, como relator, fazer uma autocrítica, pedir desculpas e dizer que, hoje, eu estou demonstrando, e serei assim durante todas as reuniões desta comissão parlamentar de inquérito. Eu não vou, de forma nenhuma, aceitar provocação de amigos e de companheiros”, frisou Calheiros, acrescentando que, “calado, estarei errado”.

Em outro momento, o ex-ministro Mandetta disse que uma pergunta feita por Ciro Nogueira teria sido redigida pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria. “Ontem, eu recebi essa pergunta exatamente nessa íntegra do ministro Fábio Faria. Eu acho que, inadvertidamente, mandou para mim a pergunta e quando eu ia responder ele apagou a mensagem. Então, eu vou responder para o senhor e para o meu amigo, que foi parlamentar comigo, ministro Fábio Faria”, declarou.

A pergunta era relacionada a uma orientação de Mandetta, à época como ministro, de que as pessoas não deveriam buscar atendimento médico em casos leves da doença.

Outra realidade

Em outro momento do interrogatório, o senador Renan Calheiros fez pergunta semelhante. Mandetta respondeu que era outra fase da pandemia, sem casos confirmados no Brasil. Portanto, era pertinente tranquilizar a população para evitar que procurassem hospitais sem necessidade. “Estávamos em janeiro, fevereiro. Não havia um caso registrado dentro do país. O que havia naquele momento eram pessoas em sensação de insegurança e pânico”, destacou. “A orientação é que se observe, que não vá imediatamente para o hospital porque aglomera. Lá, um paciente positivo vai contaminar na sala de espera. Tenho visto essa máxima ser repetida e tenho percebido que é mais uma guerra de narrativas.”

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