Agência Estado
postado em 11/05/2021 18:02
O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, disse desconhecer a interlocução a fim de produzir a cloroquina em laboratórios do Exército. Apesar de reforçar que o medicamento não possui eficácia científica reconhecida no tratamento da covid-19, Barra Torres demonstrou preocupação com a alta demanda e redução dos estoques do medicamento para pacientes que façam uso do remédio para as doenças às quais têm uso comprovado.
O chefe do órgão regulador destacou que, diante da iminência de falta dos medicamentos, o órgão passou a exigir a apresentação de receituário controlado.
Para o presidente da agência, uma vez que a cloroquina é um medicamento com "baixo custo de venda", há "desinteresse" dos laboratórios que visam o lucro na produção. "O que ocorre, a cloroquina, ela é um medicamento de custo, para venda, muito baixo, então muito pouca gente que, obviamente, visa um lucro maior, se interessa em produzir. São chamados medicamentos que são negligenciados. São aqueles que as grandes empresas não têm muito interesse, porque o custo final é muito barato. Então, eles precisam ser feitos realmente, por laboratórios estatais. Isso é assim, praticamente, no mundo todo", afirmou.
Barra Torres também reforçou que somente os detentores do registro do medicamento podem pedir a alteração da recomendação em bula a fim de incluir novas doenças.
Segundo o chefe do órgão regulador, médicos não são proibidos de receitar o uso para doenças que não estejam previstas na bula e destacou que a prática é regulada pelos conselhos de classe e não pela Anvisa. "Nós temos várias manifestações da agência, numa série de processos do enfrentamento da pandemia, onde vai sempre pontuado a inexistência, pelo menos até o presente momento, de indicações outras por parte destes medicamentos que já apontamos para o enfrentamento da covid-19", afirmou.
O presidente da Anvisa disse que o órgão não recebeu denúncias sobre a venda do "kit covid", coquetel de medicamentos que não tem uso comprovado contra a doença.
Barra Torres, que foi diagnosticado com a doença em maio do ano passado, disse que não fez uso do medicamento. "Não tem eficácia comprovada", reforçou.
Spray nasal
O presidente da Anvisa disse ainda que o órgão regulador até o momento não recebeu o pedido para análise da autorização para uso do spray nasal israelense contra a covid-19.
No início de março, o Palácio do Planalto enviou à Israel comitiva a fim de tratar da importação do imunizante. "O que posso ter categórico é que não houve protocolo de pesquisa em relação a essa medicação que foi apontada lá pelo grupo de Israel como tendo resultados favoráveis no paciente internado", destacou Barra Torres.
Entre as medidas para conter o avanço da covid-19 no País, Barra Torres destacou também a vacinação.
Segundo o presidente da Anvisa, o órgão paralisou a análise dos pedidos para estudo clínico da Butanvac e aguarda esclarecimentos do Instituto Butantan, que desenvolve o imunizante, para os estudos clínicos de fase 2 e 3.
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