Os senadores governistas que integram a CPI da Covid têm intensificado os pedidos para que o colegiado comece a apurar se houve irregularidades na administração de recursos da União repassados a estados e municípios para o enfrentamento da pandemia. Parlamentares que apoiam o Palácio do Planalto criticam o fato de o trabalho, até o momento, ter sido pautado apenas na investigação de eventuais omissões do presidente Jair Bolsonaro.
Um dos líderes desse movimento é o senador Ciro Nogueira (PP-PI). Instruído pelo Executivo, o parlamentar apresentou requerimentos para que os governos das 27 unidades da Federação e dos municípios do país com população maior que 200 mil habitantes entreguem à CPI informações detalhadas de como foi aplicada a verba disponibilizada pelo governo para ações de combate ao novo coronavírus. As solicitações de Nogueira já foram aprovadas pelo colegiado, que aguarda o recebimento das notas fiscais.
Uma consultoria do Senado fez a análise dos requerimentos do senador do PP e alertou que eles representam “uma verdadeira devassa” em estados e municípios e caracterizam “ação abusiva, inconstitucional e ilegal da CPI” por extrapolarem os limites da atuação de uma comissão parlamentar de inquérito. Em resposta, Ciro disse que o entendimento da consultoria deveria ser jogado em uma lata de lixo e destacou que não se pode classificar como abuso a tentativa de se escandalizar o desvio de recursos públicos.
O parlamentar reclamou que, por enquanto, a CPI se comporta como um palanque político para atacar Bolsonaro. Ele ainda ponderou que, caso não haja uma mudança nos rumos, com o foco da comissão sendo direcionado, também, para o que estados e municípios fizeram com os recursos da União, o trabalho do colegiado perderá a credibilidade.
O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) dá respaldo aos pedidos de Ciro Nogueira. Não à toa, logo no início da sessão de ontem da CPI, que interrogou o diretor-presidente da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, ele abriu questão de ordem para cobrar do presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), que o plenário da comissão inclua no plano de t
Além disso, Girão fez um pedido para que a CPI alterne a ordem de interrogados entre ex-integrantes do governo Bolsonaro e representantes das gestões estaduais e municipais.
Interrogatórios
O senador Marcos Rogério (DEM-RO), vice-líder do governo no Congresso, apresentou pedidos para que os governadores Wilson Lima (PSC-AM), Rui Costa (PT-BA), Hélder Barbalho (MDB-PA) e João Doria (PSDB-SP) sejam ouvidos pela comissão. Os requerimentos ainda não foram deliberados pelo plenário.
O senador reclamou que o colegiado está focando em temas que mancham a imagem de Bolsonaro e se esquecendo de apurar o “principal”. “Parece que estão tentando criar uma cortina de fumaça com relação à cloroquina e a esse decreto para esconder o que nos interessa investigar: o possível desvio de recursos públicos por estados e municípios, recursos que faltaram para estruturação da rede de saúde e que comprometeram o atendimento às pessoas”, criticou.
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