A dramaturgia nacional se despede de uma de suas maiores estrelas. Morreu ontem, aos 87 anos, a atriz Eva Wilma, que conquistou gerações de admiradores graças à carreira excepcional no teatro e na televisão ao longo de sete décadas. A dama do teatro brasileiro estava internada no Hospital Israelista Albert Einstein, em São Paulo. Ela lutava contra um câncer de ovário e morreu de insuficiência respiratória provocada pela doença. A morte foi decretada às 22h08.
Filha de alemão com argentina, Eva Wilma recebeu uma formação cultural clássica, com forte dedicação e interesse à música. Começou a carreira artística aos 14 anos, como bailarina profissional. Do Theatro Municipal, passou a fazer parte da primeira turma do Teatro de Arena em São Paulo. A partir de então, construiu carreira como um dos maiores talentos da dramaturgia nacional. Ganhou os principais prêmios do teatro, como Molière e Shell.
O sucesso de Eva Wilma se tornou estrondoso com o surgimento da televisão, nos anos 1950. A atriz tornou-se um fenômeno nacional partir de 1953, com o programa Alô Doçura, na qual contracenava com o ator e futuro marido John Herbert. A série ficou 10 anos no ar, tornando-se a mais longeva da televisão brasileira. Nas décadas seguintes, a atriz acumulou uma longa sequência de sucessos. Chegou a fazer um teste, em Hollywood, com o diretor Alfred Hitchcock, para Topázio. Acabou não sendo escolhida para o filme, considerado um dos menos inspirados do mestre do suspense.
São incontáveis os momentos em que Eva Wilma encantou o público. Emocionou o Brasil, por exemplo, ao interpretar as gêmeas Ruth e Raquel na primeira versão de Mulheres de Areia. Alternou diversos personagens, dramáticos ou cômicos, mas sempre marcantes. Participou de sucessos como Pedra Sobre Pedra, Anos Rebeldes, Pátria Minha, O Rei do Gado, A Indomada, Os Maias, Fina Estampa, entre outras novelas e séries produzidas pela Globo.
Eva Wilma teve dois grandes relacionamentos. De 1955 a 1976, foi casada com John Herbert, com quem contracenou em Alô Doçura. Em seguida, viveu com Carlos Zara de 1979 até 2002, quando o ator faleceu. Fora dos espetáculos, a atriz também se destacou pelo ativismo em favor da cidadania. Participou da Passeata dos 100 mil, de 1968, quando 50 mil pessoas foram às ruas no Rio de Janeiro para protestar em pleno regime militar.
Nos últimos dias, Eva Wilma recebeu as homenagens, em tom de despedida. “Obrigado mãe. Obrigado, Deus! A cada dia percebo a sorte de te ter ao meu lado”, escreveu o filho John Herbert Junior no Dia das Mães.
Admirada por uma legião de fãs e colegas de trabalho, Eva Wilma disse que o maior reconhecimento não estava no palco, mas na plateia. “A memória do público é o grande prêmio”, disse a atriz.
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