CPI da Covid

Ex-chanceler nega existência de política internacional única contra pandemia

Segundo Ernesto Araújo, as estratégias para lidar com a crise de saúde foram se desenrolando "de acordo com o requisito do momento"

Bruna Lima
postado em 18/05/2021 12:22 / atualizado em 18/05/2021 12:22
 (crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado)
(crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado)

O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo admitiu, durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, nesta terça-feira (18/5), que em sua gestão não foi traçada uma política internacional única para lidar com a pandemia. Questionado pelo relator, Renan Calheiros (MDB/AL), se o governo federal compilou essas diretrizes, o ex- chanceler disse desconhecer a elaboração de um documento único de orientações para a condução com demais países.

"As orientações surgiram em diferentes momentos, quase sempre vieram a partir do Ministério da Saúde, de acordo com o requisito do momento", respondeu. De acordo com Araújo, o Itamaraty coordenou estratégias para facilitar importação, negociações de vacinas, equipamentos e demais insumos. "Mas não tenho conhecimento de um plano único da dimensão internacional do enfrentamento à pandemia", admitiu.

A fala foi interpretada por Calheiros como uma falta de diretriz. "Foram circunstanciais, improvisadas pelas circunstâncias", opinou, questionando, logo em seguida, se o Itamaraty não teria recebido orientações para a construção dessa política.

Araújo afirmou não ter recebido orientação direta para elaborar um documento único, mas rebateu que "o fato de não ter um documento com uma orientação geral dessa política, com esse nome, não quer dizer que tenha sido no improviso". Ele exemplificou com as diretrizes traçadas para a compra de vacinas, com acordos com a Universidade de Oxford e a aliança multilateral Covax Facility. "Foram estratégias definidas pelo Ministério da Saúde, mas em coordenação com o Itamaraty".

Globalismo

O ex-ministro ainda negou ter sido contra a adesão ao consórcio internacional para garantir vacinas ao Brasil e disse que a opção de fechar o acordo de imunizantes para atender 10% da população e não 50% dos brasileiros foi tomada pela Saúde. A iniciativa é liderada pela Organização das Nações Unidas (ONU), entidade declaradamente criticada por Araújo, que, nas redes sociais, se declara abertamente contra o globalismo.

Com base neste posicionamento é que o ex-chanceler declarou apoio do Brasil ao então presidente Donald Trump quando o ex-líder norte-americano teceu críticas contra os esforços da OMS. Durante a oitiva, Araújo justificou que "a OMS foi errática, problemática. Não podíamos dar carta branca".

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