Os partidos não pretendem fazer da análise do voto impresso um cavalo de batalha. Nas conversas reservadas, muitos têm dito que a estratégia é não ir tão devagar que pareça desprezo, nem tão rápido que possa parecer medo de Jair Bolsonaro. A ideia é não dar motivos para o presidente tentar adiar eleições ou coisa que o valha. A democracia brasileira funcionou muito bem até aqui, tanto é que Bolsonaro foi eleito com as urnas eletrônicas, sem voto impresso.
No mais, dizem alguns, é o presidente tentando seguir a cartilha do ex-estrategista da Casa Branca Steve Bannon, da mesma forma que Donald Trump seguiu nos Estados Unidos. Lá, não deu certo tentar desacreditar o processo eleitoral. Aqui, na avaliação de muitos partidos, também não dará.
O perigo dos “sinais trocados”
Em 1989, os tucanos decidiram formalmente apoiar Luiz Inácio Lula da Silva — inclusive Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas participaram do encerramento da campanha do petista. Mas o eleitorado fechou com o então candidato Fernando Collor. E é justamente por medo que a história se repita, num mano a mano entre Lula e Bolsonaro, que o presidente do partido, Bruno Araújo, fez uma nota dura sobre o encontro entre Lula e FHC, alertando para que se evite sinais trocados aos eleitores.
Quem mais perde
O PSDB tem um segmento que não votará no PT de jeito nenhum. E o receio agora é de que os tucanos terminem perdendo uma parcela de seu eleitorado logo na largada. Até porque, alertam alguns, ainda dá tempo de mudar de partido para concorrer no ano que vem. Alguns simpatizantes do governador de São Paulo, João Doria, radical opositor ao PT, por exemplo, consideram que muitos podem entender esse encontro Lula-FHC como um convite para buscar outro ninho.
Enquanto a negociação se desenrola lá fora…
A Paper Excellence comprou, recentemente, nos Estados Unidos, por US$ 3 bilhões (R$ 16 bilhões), a Domtar Corp, uma gigante do setor de papel e celulose. A negociação enfraquece o argumento da J&F, holding dos irmão Joesley e Wesley Batista, de que a Paper não tinha recursos para quitar 100% da Eldorado Celulose, um negócio de R$ 15 bilhões que se arrasta há mais de três anos para a transferência do controle acionário.
...aqui continua amarrado
A Paper venceu a arbitragem na Justiça, mas uma liminar suspendeu a sentença arbitral para que se fechasse o negócio. O acionista da Paper, Jackson Wijaya, depositou em dinheiro vivo num banco no Brasil a quantia suficiente para garantir a aquisição da Eldorado. Mesmo com a carteira cheia e uma vitória na arbitragem, a Paper vai, ao que parece, levar a companhia americana antes da brasileira.
Elmar mudou a gestão do dinheiro/ No texto final da MP da Eletrobras, a gestão dos recursos de revitalização das bacias do São Francisco e do Parnaíba ficou assim: o Ministério do Desenvolvimento Regional indicará o presidente do comitê gestor e o poder Executivo regulamentará seu funcionamento. A coluna publicou, ontem, erroneamente informada por parlamentares, que essa gestão ficaria a cargo da Codevasf, conforme constava na proposta inicial do relator Elmar Nascimento (DEM-BA). O que levou à mudança do texto inicial foi justamente a suspeita sobre a compra de tratores acima do valor de mercado.
E tem mais/ Depois da história dos tratores, os comitês gestores da revitalização das bacias hidrográficas deverão enviar ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Controladoria Geral da União (CGU) relatórios semestrais de prestação de contas com informações sobre destinação de valores e critérios utilizados para seleção de projetos e resultados nos programas.
Enquanto isso, no Piauí.../ O senador Marcelo Castro (MDB-PI, foto) participou da agenda do presidente Jair Bolsonaro em seu estado. Para quem foi ex-ministro da Saúde de Dilma Rousseff e votou contra o impeachment, foi um sinal de que Bolsonaro busca apoios no MDB do Senado e vice-versa.
Evidências/ A decisão do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), de multar Bolsonaro por provocar aglomeração e não usar máscara de proteção em plena pandemia, será mais um elemento que vai parar na CPI da Covid. É o presidente produzindo fato contra si mesmo.
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