Parte do relatório da CPI está praticamente pronta
Senadores do grupo do G7 consideram que a linha dorsal do relatório de Renan Calheiros sobre as responsabilidades pela situação da pandemia no Brasil já está dada: o governo federal poderia ter 64 milhões de doses de vacinas a mais, já no final de 2020 ou em janeiro deste ano, mas optou por não comprá-las, perdendo seu lugar na fila para obtenção de imunizantes. Em segundo lugar, montou um gabinete para assessorar o presidente Jair Bolsonaro em relação a medicamentos que poderiam curar aqueles que, diante da opção pela imunização de rebanho, viessem a contrair a doença. O saldo de tudo isso é um total de mais de 450 mil mortes registradas até agora.
A fase dois começa no fim de junho, com a apuração do que foi feito com os recursos enviados a estados e municípios. Aí, o Planalto tentará montar o seu relatório paralelo, tirando o peso da mão de Renan Calheiros sobre o Planalto, e Bolsonaro e colocando nos governadores. O difícil será o governo conseguir fechar esse roteiro dentro dos 90 dias, uma vez que essa parte sequer começou a ser investigada a fundo. E o governo terá outro problema: embora Bolsonaro não queira, os governistas precisarão de mais prazo para concluir essa investigação. A confusão, que já é grande, promete ficar maior.
O vírus da desconfiança
Até para convocar o publicitário Marquinhos Show, o G7 discutiu nos bastidores se seria necessário e se tinha maioria. O mesmo não ocorreu com o pedido de convocação do presidente Jair Bolsonaro, feito pelo senador Randolfe Rodrigues. A equipe já não está tão homogênea quanto há um mês.
O jogo dos erros das vacinas I
Numa live promovida pela Fundação Astrojildo Pereira, o ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão elencou os quatro erros do governo federal em relação às vacinas. O pecado original foi o Programa Nacional de Imunização (PNI) não ter chamado o Instituto Bio Manguinhos e o Butantan para montagem de uma estratégia comum voltada à obtenção das vacinas. “Pouco mais de 10% da população com duas doses, pouco mais de 22 milhões de pessoas em cinco meses. Isso é pífio e patético. Bolsonaro atirou no Butantan o ano inteiro, até dezembro.”
O jogo dos erros das vacinas II
Além desse erro político, houve a permissão para que as multinacionais fizessem estudos de fase 3 no Brasil sem exigência de prioridade na aquisição das vacinas, de volume e de preço. De quebra, houve, ainda, o atraso no ingresso no Consórcio Covax Facility. Por último, a recusa de ofertas de vacinas. “Passamos a achar normal morrerem duas mil pessoas por dia. É inacreditável”, diz ele.
A nova grande discussão da Saúde
Paralelamente à guerra contra o vírus e à resistência do governo federal em seguir as recomendações de distanciamento social quando for necessário, os sanitaristas estão às voltas com os projetos sobre a ampliação da participação da iniciativa privada no SUS e com as escolas de medicina, que, segundo o epidemiologista Gonçalo Vecina, estão proliferando sem qualidade: “Caminhamos para um desastre”, atesta.
Curtidas
Exército na lida/ Os militares estão há uma semana com o “problema” general Eduardo Pazuello à porta, sem definição clara. Há quem diga que, quanto mais demorar para resolver, mais desgaste para a Força. Especialmente porque o general se recusa a seguir para a reserva, tirando os militares da foto da CPI.
PSDB organiza a prévia/ A comissão tucana encarregada de definir as prévias tem encontro marcado, amanhã, para bater o martelo sobre a proposta a ser encaminhada para a Executiva Nacional do partido. A data mais provável é 21 de novembro.
O centro da política é hoje terra de Murici../ … Cada um por si. A ideia do PSDB é dar visibilidade ao partido no final do ano, quando as legendas, de uma maneira geral, vão acelerar a arrumação do tabuleiro para a eleição presidencial do ano que vem. Até aqui, cada sigla aposta no próprio território para, mais à frente, ver o que é possível fazer em termos de alianças.
Se quiser sair.../ … que saia. O DEM vai continuar apostando no ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, sem dar muitas asas a um projeto com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (foto), que tem mais quatro anos de mandato na Casa e, portanto, com uma janela sem riscos para apostar numa candidatura presidencial. É por isso que o PSD joga para atraí-lo.
E as manifestações, hein?/ Novas aglomerações. Muito mais gente de máscara do que nos atos bolsonaristas. Porém não deixa de ser aglomeração em meio à pandemia, sem que a população esteja num nível de vacinação considerado seguro. Aliás, só quando houver um percentual seguro de pessoas vacinadas é que se terá ideia da capacidade de aglutinação de um e de outro grupo.
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