Alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga o envio ilegal de madeira para os Estados Unidos e a Europa, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pediu para ser ouvido no âmbito da investigação. A solicitação foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), e a oitiva, se autorizada, deve ser colhida pela Procuradoria-Geral da República.
O caso, no Supremo, está sendo conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes. De acordo com a defesa de Salles, o procedimento seria necessário para que “os fatos sob investigação possam ser cabalmente esclarecidos o mais rápido possível”. Ao autorizar a deflagração da Operação Akuanduba, que mirou Salles e o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bim, Moraes não ouviu o Ministério Público.
A decisão do magistrado foi inédita e revelou a quebra de confiança entre o Supremo e a PGR, em razão do alinhamento do procurador-geral da República, Augusto Aras, com o governo. Ontem, o Executivo oficializou o afastamento de sete investigados na Akuanduba, mas Salles permanece no cargo. Ele é acusado de se aliar a madeireiros e desmatadores para impedir o trabalho da Justiça e facilitar o contrabando de madeira retirada da Amazônia. Desde que ingressou no cargo, Salles vem sendo alvo de polêmicas, acusações e, agora, de investigações.
Ele mantém linha de diálogo direta com o presidente Jair Bolsonaro e, depois de ser alvo de mandados de busca e apreensão, chegou a ir com um segurança armado até a sede da PF, em Brasília, para pedir explicações. Fontes no Supremo avaliam que não está descartada a hipótese de que Moraes determine o afastamento de Salles do cargo durante as investigações.
Na gestão do ministro, o Brasil amarga o avanço do desmatamento na Amazônia. Dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), referentes ao período entre agosto de 2020 e janeiro de 2021, o desmatamento na maior floresta tropical do mundo aumentou 46%. Também ocorrem investidas criminosas de mineradores contra indígenas yanomamis, em Roraima.
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PMs afastados após protestos
O policial militar que prendeu o secretário estadual do PT de Goiás, Arquidones Bites Leão, foi afastado de suas funções ontem. Identificado apenas como tenente Albuquerque, ele deteve o petista em Trindade (GO), no último sábado, após Leão se recusar a retirar uma faixa do capô de seu carro com a frase “Fora Bolsonaro Genocida”. Leão, que também é professor da rede pública estadual, invocou seu direito de se manifestar, mas o policial disse que iria enquadrá-lo na Lei de Segurança Nacional. O PM terá de responder a inquérito e procedimento disciplinar. Leão foi preso e levado à sede da Polícia Federal de Goiânia. Ele prestou depoimento e foi liberado. Em nota, a PF informou que o professor não será indiciado em inquérito, pois não houve transgressão criminal.
Em Pernambuco, o governador Paulo Câmara (PSB) aceitou o pedido de exoneração do comandante da Polícia Militar, coronel Vanildo Maranhão. Ele será substituído pelo coronel José Roberto Santana. Em pronunciamento divulgado na Internet, Paulo Câmara disse contar com a empenho do coronel Roberto “para que tenhamos sempre uma polícia dura contra o crime, mas que seja guardiã dos direitos humanos e da cidadania”. No último sábado, duas pessoas foram atingidas nos olhos por balas de borracha em confronto com a Polícia Militar pernambucana. Elas correm o risco de perder a visão.